Após dezenas de denúncias, psiquiatra é preso em Marília

O psiquiatra Rafael Pascon dos Santos, de 43 anos, foi preso preventivamente nesta quarta-feira (22), em Marília. Ele é investigado por mais de 20 denúncias de importunação sexual e uma acusação de estupro, supostamente ocorridos durante atendimentos médicos em diferentes cidades da região.
A prisão preventiva foi solicitada pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Marília, onde se concentra a maior parte das denúncias.
O pedido foi aceito pela Justiça com base na representação da delegada Darlene Costa Tosin, que apontou risco de interferência nas investigações e possível coação de supostas vítimas e testemunhas.
Na manhã desta quarta, equipes da Polícia Civil, com apoio da Polícia Militar, cumpriram mandados de busca em endereços ligados ao investigado, mas ele não foi localizado.
Horas depois, por volta das 16h, Rafael Pascon se apresentou voluntariamente na Central de Polícia Judiciária (CPJ), onde a ordem de prisão foi formalizada.
Além do inquérito conduzido em Marília, o médico também é alvo de investigação paralela em Garça.

Acusações envolvem importunação e até estupro
O caso se tornou público no início deste mês, após uma denúncia de importunação sexual revelada com exclusividade e em primeira mão pelo Marília Notícia. A publicação levou outras mulheres a procurarem a polícia, o que ampliou o número de registros e deu origem à atual investigação.
As denúncias investigadas envolvem mulheres com idades entre 17 e 65 anos. Elas afirmam terem sido vítimas de comportamentos inadequados durante consultas, como toques, beijos e aproximações físicas não consentidas.
Em um dos casos, uma paciente relatou ter sofrido estupro com consumação carnal. Segundo a Polícia Civil, novos depoimentos podem surgir à medida que o inquérito avança.
O boletim mais recente foi registrado na terça-feira (21), por uma moradora de Getulina, que relatou ter sido assediada durante atendimento na cidade de Lins — onde o psiquiatra também atuava. Com esse novo caso, as denúncias somam 18 em Marília, quatro em Garça e uma em Lins.
Após a repercussão, Rafael foi afastado de suas funções no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Garça e teve o contrato rescindido pela Associação Hospitalar Beneficente do Brasil (AHBB), responsável pela gestão da unidade. Ele também foi suspenso da Unimed Marília, onde realizava atendimentos.
Defesa contesta prisão e nega acusações
A defesa do psiquiatra enviou nota ao MN em que critica a decisão e nega as acusações. Leia a íntegra do posicionamento:
“A defesa do Dr. Rafael Pascon manifesta sua profunda perplexidade diante da decretação de sua prisão preventiva, medida extrema e absolutamente desnecessária, especialmente considerando que o investigado sempre se colocou à inteira disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos.
Reafirmamos, de forma categórica, que o Dr. Rafael Pascon é inocente das acusações que lhe têm sido imputadas e que jamais se furtou à investigação. Até o presente momento, ele sequer foi formalmente ouvido, o que demonstra a total falta de razoabilidade na adoção de medida tão gravosa.
A defesa confia que, com a análise técnica e parcimoniosa do caso, a Justiça reconhecerá a inexistência de elementos concretos que justifiquem a prisão e restabelecerá sua liberdade, permitindo que ele responda às apurações de forma digna e em respeito aos princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal.
Por fim, reafirmamos nosso compromisso com a verdade e com a Justiça, certos de que os fatos serão devidamente esclarecidos e a inocência do Dr. Rafael Pascon restará plenamente demonstrada.”