Vanessa Carvalho é sepultada sob forte comoção de familiares e amigos em Marília

O corpo de Vanessa Anizia da Silva de Carvalho, de 43 anos, foi sepultado na tarde desta sexta-feira (26), no Cemitério da Saudade, em Marília. Devido ao avançado estado de decomposição e aos ferimentos, não houve velório, e o sepultamento ocorreu de forma direta, o que intensificou a dor e a comoção entre familiares e amigos que se despediram da vítima de feminicídio.
A cerimônia foi realizada por volta das 13h30 e contou com a presença de bombeiros civis, profissão exercida por Vanessa, que compareceram ao local para prestar a última homenagem. O crime chocou a cidade e marcou o Natal em Marília.
Vanessa foi encontrada morta no início da tarde de quinta-feira (25), em uma área rural de Vera Cruz. O companheiro dela, Alan Rodrigo Santana Corrêa, também de 43 anos, foi preso após confessar o crime e indicar à polícia o local onde havia ocultado o corpo, às margens de uma estrada vicinal.

Em interrogatório, Alan apresentou uma versão que ainda será confrontada com provas técnicas e outros elementos do inquérito. Ele afirmou que o casal, que convivia havia cerca de cinco ou seis anos, iniciou uma discussão na noite de 22 de dezembro, na residência de Vanessa, que se estendeu pela madrugada do dia seguinte. Segundo o acusado, o desentendimento teria começado após ele manifestar a intenção de encerrar o relacionamento.
Ainda conforme o relato do investigado, durante a discussão houve agressões e, posteriormente, dentro do veículo, ele teria desferido golpes com um canivete contra a vítima. Após perceber a gravidade da situação, teria desistido de buscar socorro e decidido ocultar o corpo.
A Polícia Civil, no entanto, destaca que as circunstâncias do crime e o histórico de agressões indicam um escalonamento da violência doméstica que culminou no assassinato. O corpo de Vanessa foi localizado em uma bacia de contenção de águas pluviais, coberto com capim seco para dificultar a visualização.
O delegado Wanderley Santos explicou que, apesar de o crime ter ocorrido dias antes, foi possível a prisão em flagrante por ocultação de cadáver, caracterizada como crime permanente enquanto o corpo não é localizado. A Polícia Civil também solicitou a prisão preventiva do acusado pelo crime de feminicídio.
Durante cerca de dois dias, Alan permaneceu em deslocamento constante para evitar a prisão. A rendição foi intermediada pelas advogadas Larissa Toríbio e Michele Casagrande. Para preservar a integridade física do investigado, a entrega foi realizada em um local neutro, nas proximidades do Marília Shopping, já que familiares da vítima estavam concentrados em frente à delegacia.

“Duas advogadas nos trouxeram as informações de que esse indivíduo teria as procurado para viabilizar uma entrega, sua rendição. Escolhemos um lugar mais neutro, não na CPJ, porque existiam familiares revoltados aqui. Houve a rendição e, a partir de então, ele nos apontou o local onde teria ocultado o corpo da companheira”, afirmou o delegado.
A advogada Larissa Toríbio informou que atuou para que o cliente se entregasse voluntariamente e possibilitasse a localização do corpo, destacando a comoção diante da dor da família da vítima. O veículo utilizado no crime foi apreendido para perícia, mas o canivete mencionado no depoimento não foi localizado.
Alan Rodrigo Santana Corrêa passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (26), quando foi confirmada a prisão e determinado o encaminhamento para uma unidade prisional da região. As investigações seguem em andamento para a completa elucidação do caso.