13º pode injetar até R$ 300 milhões na economia de Marília

“Com a injeção do 13º, a gente percebe um aumento considerável no movimento. Dezembro sempre foi um mês excelente, e com mais dinheiro circulando, o consumidor volta às lojas, paga o que deve e reativa o crediário. Isso movimenta toda a cadeia”, observa o comerciante João Azevedo Abreu, que vê com otimismo o período de fim de ano em Marília.
O entusiasmo de Abreu não é isolado. A proximidade do pagamento do 13º salário promete impulsionar a economia mariliense nas próximas semanas. Estimativas do comércio apontam que entre R$ 200 e R$ 300 milhões devem ser injetados na cidade até o fim do ano, considerando os rendimentos dos cerca de 73 mil trabalhadores formais e os efeitos indiretos sobre o setor e o segmento de serviços.
Impulso para o comércio
Segundo o economista Benedito Goffredo, o benefício funciona como um “banho de liquidez sazonal”, que chega às vésperas do Natal — o período de maior movimentação comercial do ano. “Em Marília, cujas empresas e serviços dependem fortemente do consumo interno, esse aporte extra no orçamento das famílias pode ter efeitos significativos. Mais renda disponível significa mais consumo, mais circulação de recursos no comércio, alimentação, lazer e serviços”, explica o economista.
Além de estimular as compras de fim de ano, o dinheiro extra tem papel importante na redução de dívidas e no fortalecimento da segurança financeira das famílias. “Muitos trabalhadores utilizam o valor para quitar contas pendentes e aliviar o orçamento do início do próximo ano, o que contribui para um consumo mais saudável e planejado”, acrescenta Goffredo.

Dinheiro que fica na cidade
Com base nas médias salariais locais, Goffredo calcula que o pagamento do 13º possa representar cerca de R$ 252 milhões em injeção direta de renda, apenas entre trabalhadores formais. Ao incluir informais e aposentados, o montante ultrapassaria os R$ 300 milhões — dinheiro que, segundo o economista, permanece circulando dentro do próprio município. “Esse é um elemento de redistribuição de renda regional, que mantém o fluxo financeiro dentro da cidade”, ressalta.
Voz do consumidor
A auxiliar administrativa Patrícia Souza, de 34 anos, já planeja como usar o benefício. “Este ano, vou dividir o 13º: metade para pagar o cartão e o restante para comprar presentes para as crianças. A gente tenta se organizar, mas o fim de ano sempre vem com despesas extras”, conta.

Moradora do bairro Palmital, Patrícia diz que o dinheiro extra traz um alívio no orçamento e uma motivação a mais. “Quando o salário cai, parece que a cidade muda de humor. As lojas ficam cheias, as pessoas saem mais, e dá até vontade de passear no Centro”, brinca.
Preparação e planejamento
O comércio local já se movimenta para aproveitar o momento. Abreu conta que a primeira parcela do benefício, paga ainda em novembro, costuma gerar reflexos imediatos nas vendas. “Dezembro é praticamente dois meses em um. O nosso pensamento é de otimismo: vai ser muito bom, como sempre foi”, afirma o comerciante.
Goffredo reforça que tanto trabalhadores quanto empresários devem se planejar. “As famílias precisam evitar o consumo impulsivo e priorizar o equilíbrio financeiro. Já o comércio e os prestadores de serviço devem investir em promoções, campanhas e horários estendidos, aproveitando o fluxo de renda que entra no mercado local”, orienta.
Para o economista, o impacto do 13º salário vai além do ganho individual. “Cada real pago tende a circular várias vezes dentro da cidade. É um momento estratégico para reforçar o comércio local, gerar emprego temporário e manter a economia aquecida até o início do próximo ano”, conclui.