Emdurb e empresas debatem novo modelo para o transporte público

A segunda reunião do Conselho Deliberativo do Sistema Auxiliar de Fiscalização (SAF) do transporte coletivo urbano de Marília, convocada pela Empresa Municipal de Mobilidade Urbana (Emdurb) para esta terça-feira (21), terá em pauta um novo modelo para o sistema de transporte público da cidade.
A proposta de contratar uma empresa especializada para elaborar o plano de reformulação divide opiniões entre o poder público e as concessionárias do serviço, representadas pela Associação Mariliense de Transporte Urbano (AMTU).
Embora ambos os lados reconheçam a necessidade de modernização, há divergências quanto à origem dos problemas e às soluções possíveis. Procurados pelo Marília Notícia, representantes do município e das empresas apresentaram seus argumentos.
O que diz a Emdurb
O presidente da Emdurb, Paulo Alves, afirma que o transporte coletivo de Marília enfrenta “um esgotamento estrutural e técnico” e opera atualmente com um modelo baseado em estudos de 2010, que não atende mais à realidade urbana.
“O sistema clama por uma profunda remodelagem”, declarou Alves. “Mais de 15 anos se passaram desde a principal referência de planejamento. A cidade se expandiu, o perfil do usuário mudou e as formas de mobilidade se transformaram.”

Segundo ele, a queda na demanda é o sintoma mais evidente dessa defasagem. Em 2011, o sistema transportava mais de 1 milhão de passageiros por mês; hoje, esse número é estimado em 500 mil. “Essa perda revela insatisfação com a qualidade, ineficiência ou falta de atratividade do serviço”, avaliou.
Para o dirigente, o novo plano deve revisar itinerários, integrar diferentes modais e adotar tecnologias como GPS, aplicativos de acompanhamento e bilhetagem eletrônica atualizada. Alves defende ainda a inclusão de linhas circulares e alimentadoras, com o objetivo de reduzir o tempo de viagem e tornar o sistema mais competitivo.
“É um imperativo técnico, social e econômico abandonar o modelo de 2010 e construir um sistema moderno, eficiente e atrativo”, concluiu.
O que dizem as concessionárias
As empresas concessionárias, reunidas na AMTU, concordam com o diagnóstico de que o sistema está ultrapassado, mas ressaltam que a proposta de modernização vem sendo solicitada por elas desde 2015. “As empresas sempre defenderam a atualização da malha, que segue o mesmo modelo centralizado há mais de 30 anos”, afirmou a associação, em nota.
A AMTU sugere a criação de linhas perimetrais, que conectem bairros sem a necessidade de passar pelo Terminal Urbano, além da abertura do próprio terminal para agilizar o embarque com uso do cartão Marília Card.
“Novas linhas conectariam regiões sem necessidade de passar pelo centro, reduzindo tempo e custo operacional”, explica a entidade.
As concessionárias também enfatizam que as mudanças devem estar baseadas em estudo técnico detalhado, com participação do poder público e das empresas, pois o modelo de financiamento poderá ser impactado pelas alterações propostas.
“Todo o processo deve estar alinhado com a sociedade, o poder público e as empresas, pois as opções escolhidas terão impacto direto no financiamento do sistema”, pontua a AMTU.
Mudança em linhas
De acordo com o edital de convocação, também serão discutidos novos horários de atendimento, a possibilidade de alteração do trajeto da linha do Marília Shopping — que poderá passar a subir pela Rua Tucunarés — e o funcionamento do trajeto Santa Clara/Jardim Nacional aos domingos.
Embora a pauta principal da reunião seja a remodelagem, há expectativa de que o SAF também discuta a tarifa do transporte coletivo, que não foi analisada na reunião anterior, em agosto. Na ocasião, o conselho tratou apenas de questões operacionais.
O encontro desta terça-feira (21), às 9h, no auditório da Prefeitura de Marília, deve definir os próximos passos para a contratação da empresa responsável pelo estudo técnico. O plano é considerado uma etapa essencial para a reestruturação do transporte público, com foco na adequação às novas demandas da cidade.