Sem reforma, aeroporto de Marília perde voos e afasta passageiros

O movimento de passageiros e aeronaves no Aeroporto Estadual Frank Miloye Milenkovich em Marília apresentou variações expressivas entre 2023, 2024 e o primeiro semestre de 2025, revelando um período de crescimento seguido por forte retração.
De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o ano de 2023 fechou com 34.844 passageiros e 756 pousos e decolagens. Já em 2024, houve avanço para 38.026 passageiros e 864 operações, o que representa alta de 9,1% no fluxo de pessoas e de 14,3% na movimentação de aeronaves.
O desempenho positivo foi impulsionado principalmente pelos meses de abril a junho de 2024, quando o volume mensal ultrapassou a marca de quatro mil passageiros.

A análise dos primeiros semestres confirma o salto entre 2023 e 2024. De janeiro a junho de 2023, o aeroporto registrou 16.933 passageiros e 360 aeronaves. No mesmo período de 2024, esses números subiram para 22.609 passageiros e 511 operações, aumento de 33,5% e 41,9%, respectivamente.
Esse crescimento, porém, não se manteve em 2025. Entre janeiro e junho deste ano, o total de passageiros caiu para 14.454, retração de 36% em relação a 2024 e 14,6% abaixo do registrado em 2023. No mesmo intervalo, o movimento de aeronaves ficou em 348, queda de 31,9% frente a 2024 e 3,3% inferior ao de 2023.

PREOCUPAÇÃO
O resultado coloca 2024 como o melhor ano do período analisado, com recorde recente na movimentação aérea de Marília. No entanto, a forte desaceleração verificada no primeiro semestre de 2025 acende um alerta, e indica possível redução na oferta de voos ou na demanda de passageiros, com a falta de melhorias do espaço.
Outro fator que preocupa é de uma possível interrupção dos voos da Azul Linhas Aéreas em Marília. Como já divulgado pelo Marília Notícia, a companhia não descartou, por meio de sua assessoria de imprensa, a eventual inclusão de Marília entre as 13 cidades e mais de 50 rotas que deixarão de operar, segundo anúncio oficial ao mercado.
Foram citados os encerramentos das operações já ocorridos em Crateús, São Benedito, Sobral e Iguatú (CE); Campos (RJ); Correia Pinto e Jaguaruna (SC); Mossoró (RN); São Raimundo Nonato e Parnaíba (PI); Rio Verde (GO); Barreirinha (MA); Três Lagoas (MS); e Ponta Grosa (PR).
A empresa reafirma possibilidade de futuros ajustes. “A Azul está otimizando, desde julho, rotas operadas atualmente, de forma gradativa, em um processo normal de adequação da malha, inclusive para novos voos que serão implantados na alta temporada”, informou a companhia.
A falta de atratividade do espaço também pode ser outro empecilho para os passageiros. Concedido pelo Estado para a Rede Voa, o projeto arquitetônico que encheria os olhos do mariliense ainda não saiu do papel. Em maior, a concessionária do local comunicou que não será possível realizar a reforma e ampliação do local, como estava previsto. O motivo, segundo a empresa, seria o tombamento do espaço destinado ao Aeroclube de Marília.
“O início das obras está condicionado à resolução deste decreto municipal que definiu o tombamento da área do Aeroclube e impede qualquer tipo de intervenção e melhoria no terminal de passageiros do Aeroporto de Marília, pois acarreta desequilíbrio financeiro à concessão junto ao Governo do Estado de São Paulo”, afirma o CEO da Rede Voa, Marcel Moure.”
O aeroporto de Marília funciona atualmente com banheiro químico para os usuários que quiserem e/ou precisarem se aliviar antes ou depois dos voos. Uma vaga de táxi virou estrutura improvisada e única alternativa para os passageiros.