Família de jovem morto a tiros por policial militar no rodeio pede justiça
Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta semana, a família de Hamilton Ribeiro Júnior, de 29 anos, morto a tiros durante o rodeio de Marília, clama por justiça. Cássia Nunes de Abreu Tavares e o marido Chesma Tavares estavam na Bélgica, quando o crime aconteceu – uma vaquinha foi organizada por amigos para trazê-los de volta.
Com a voz embargada, a mulher lembra o momento doloroso em que recebeu a notícia da morte do filho. “Eu estava no mercado, fazendo compras, quando meu marido veio me dar a notícia. Não consegui gritar, não pude chorar. Foi como se um nó prendesse a minha garganta”, conta Cássia.
Sem condições financeiras para retornar imediatamente ao Brasil, a mãe acompanhou à distância as homenagens ao filho e também agradeceu quem participou de uma ajuda para trazê-los de volta ao Brasil.
“Eu como mãe, aqui de longe, do outro lado do oceano, no velório do meu filho por uma chamada de vídeo, porque não deu tempo. Eu quero agradecer a vocês que ajudaram a comprar minha passagem.”
Cássia também expressou sua revolta pela brutalidade da morte de Hamilton que, segundo ela, foi um ato de covardia que não pode ficar impune. No vídeo, ela faz um apelo às autoridades para o caso ser investigado com seriedade e o responsável, o soldado Moroni Siqueira Rosa, seja punido.
“Esse homem está vivo, enquanto meu filho não está mais aqui. Ele [Hamilton] deixou uma filha, minha netinha, que presenciou o primeiro velório da vida dela, o do próprio pai.”
Chesma, marido de Cássia, finaliza o vídeo agradecendo a todos que se comoveram com a situação e que auxiliaram a família. Eles devem desembarcar no Brasil neste final de semana.
“Agradeço a cada um que entrou em contato com a Cássia. Cada palavra dada está ajudando muito a Cássia. Agradeço a cada um pela palavra de afeto e conforto, todos, sem exceção. Fica aqui nosso muito obrigado e com a permissão de Deus estaremos aí”, afirma Tavares.
Hamilton, que trabalhava como técnico agrícola, era conhecido na cidade de Itapura, onde morava. A comoção tomou conta da região, com manifestações e passeatas pedindo justiça pela sua morte.
A Polícia Civil de Marília já concluiu o inquérito sobre o caso. O delegado Edner Rogério Ferreira descartou as alegações de legítima defesa apresentadas pelo policial militar.
Segundo a conclusão da investigação, Moroni agiu de maneira desproporcional durante a briga com Hamilton, utilizando sua arma de fogo em uma situação que não justificava o uso letal.