Silvio Santos, dono do SBT e ícone da TV, morre aos 93 anos
Silvio Santos, o maior comunicador da história da TV brasileira, morreu neste sábado (17) aos 93 anos. A informação foi confirmada pelo SBT pelo X.
“Neste sábado (17) o céu está alegre com a chegada do nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria. Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial”, diz comunicado.
O QUE ACONTECEU
Apresentador deu entrada no hospital no último dia 1 de agosto. Segundo a assessoria do SBT, ele foi ao hospital para realizar exames que não podem ser feitos em domicílio.
Na sexta-feira (2), no entanto, ele prosseguiu internado e levantou preocupação em relação ao estado de saúde. Procurado por Splash, o SBT informou que ele continuava passando por exames. “Sem novidade”, informou a assessoria. No sábado, a assessoria chegou a dizer que seu estado não era crítico.
Silvio Santos teve um quadro de H1N1 em julho. Na época, após negar que ele estivesse internado, a assessoria do SBT admitiu que ele estava hospitalizado com influenza A: “Ele está sendo medicado e no hospital”, diz comunicado da emissora lido ao vivo por Michelle Barros no “Chega Mais”.
Segundo o jornal O Globo, a nova internação foi por outro motivo. O apresentador teria se recuperado da H1N1 e esta segunda internação seria por outros motivos.
CARREIRA
Foram seis décadas de uma trajetória de sucesso que teve o seu auge como dono do SBT e parte de um conglomerado que leva seu nome, reunindo ainda mais de 30 empresas, como a Liderança Capitalização, responsável pela Tele Sena, e a Jequiti.
Senor Abravanel nasceu em 12 de dezembro de 1930 no boêmio bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Primeiro dos seis filhos de Rebeca e Alberto, imigrantes judeus sefarditas que chegaram ao Brasil seis anos antes, teve uma infância pobre e começou a trabalhar como camelô aos 14 anos. Vendia capas plásticas para título de eleitor enquanto o Brasil estava sendo redemocratizado após o Estado Novo.
Ali, nas ruas da então capital federal, já era possível perceber seu grande poder de comunicação no trato com o público. Ele aprendeu a manipular moedas e baralhos para chamar a atenção das pessoas. O jovem Silvio também adorava jogar futebol e foi um aluno popular na escola, onde recebeu o apelido de Cenourinha, dado pelos colegas, como diminutivo de Senor.
Formou-se técnico em contabilidade – o que ajuda a explicar o tino para os negócios, que o fizeram acumular uma fortuna de mais de R$ 1 bilhão. Também serviu ao Exército na escola de paraquedistas, de onde saiu considerado um bom saltador.
EMPREGO NA RÁDIO E TV
Mas sua sorte começou a mudar mesmo quando, em uma batida, o chefe da fiscalização da Prefeitura do Rio, Renato Meira Lima, impressionou-se com o dom de Silvio e entregou-lhe um cartão de Jorge de Matos, dono da Rádio Guanabara, para que tentasse um emprego formal por lá.
Deu certo: Silvio conseguiu o emprego, mas a carreira na Rádio Guanabara durou apenas um mês. Ele percebeu que, como camelô, ganharia mais e trabalharia menos. Só aos 18 anos resolveu voltar a ser locutor, desta vez na Rádio Continental, em Niterói.
Em 1957, conheceu Manoel da Nóbrega, radialista de sucesso em São Paulo. Dali para a TV Paulista foi um pulo.
O primeiro programa na emissora veio em 1961. Sob o comando de Silvio, “Vamos Brincar de Forca”, seu programa de variedades, foi um sucesso nas noites de domingo, mais tarde rebatizado para “Programa Silvio Santos”.
O ESTRELATO
Em 1966, quando Roberto Marinho comprou a TV Paulista e a incorporou à TV Globo, Silvio foi mantido com seu programa dominical. Fechou um contrato de “aluguel” da faixa por cinco anos.
Com isso, ele nunca chegou a ser funcionário do poderoso chefão do Grupo Globo. Em 1968, adquiriu o Baú da Felicidade e os altos índices de audiência de seu programa o elevaram à condição de estrela da emissora. Assim nasceram atrações que seriam consagradas por Silvio, como o “Show de Calouros” e o “Boa Noite, Cinderela”.
Em 1972, o animador fechou contrato com a Globo por mais cinco anos e, por baixo dos panos, começou a articular a consolidação de um canal de TV a emissora, então comandada por Boni e por Walter Clark, achava que seu programa destoava do restante da programação.
A oportunidade de ouro para Silvio surgiu quando João Batista Amaral quis vender os seus 50% de ações da TV Record. O outro sócio, Paulo Machado de Carvalho, foi quem sugeriu a compra a Silvio, que fechou o negócio e ficou com metade da emissora.
Em 1975, o presidente Ernesto Geisel assinou um decreto outorgando a Silvio o canal 11 do Rio de Janeiro. O apresentador e empresário passou a transmitir seus programas simultaneamente na Tupi e na TVS. Depois da falência da Rede Tupi, em 1980, o “Programa Silvio Santos” em São Paulo foi transferido para a Rede Record. Entretanto, o empresário sonhava em ser dono de uma rede nacional de televisão.
Em 1981, Silvio Santos obteve a licença para operar o canal 4 de São Paulo, que se tornou a TVS da capital paulista. A partir das emissoras do Rio e de São Paulo, surgiu o embrião do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, e o resto é história.Silvio sempre foi um comunicador muito popular. Dizia ter aprendido o que sabia com um domador de leões do circo pelo quais passou.
“O público é como um leão, se você tiver medo, ele te devora!”, dizia. Durante sua carreira, gravou e consagrou uma série de marchinhas, como “A Pipa do Vovô”.
POLÍTICA E SUSTO COM FAMÍLIA
Silvio tentou, ainda, sair candidato à Prefeitura de São Paulo e também à presidência do país, mas não emplacou as candidaturas. Numa trajetória meteórica, marcada por sucessos, Silvio viveu o inferno em 2001, quando sua “filha número 4”, Patrícia Abravanel, foi sequestrada. Após dias de negociação, o resgate foi pago e Patrícia foi solta.
Mas, na fuga, Fernando Dutra Pinto matou a tiros dois policiais e invadiu a casa de Silvio no dia 30 de agosto daquele ano. O sequestrador manteve o empresário e toda sua família como reféns e só se entregou com a chegada do governador de São Paulo na época, Geraldo Alckmin.
Silvio foi casado por duas vezes e deixa viúva a jornalista e novelista Íris e as filhas Cíntia, Silvia, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata.