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10 anos. Mais de 89 mil artigos.
O Magazine Luiza anunciou, nesta segunda-feira (24), um acordo estratégico de venda de produtos premium do AliExpress, gigante chinês do e-commerce, em sua plataforma de marketplace.
A linha disponibilizada será a “Choice”, que inclui acessórios de informática, produtos de moda e para casa, ferramentas, itens para bebês, entre outros. Em contrapartida itens de “cauda longa” do Magazine Luiza, como eletrodomésticos e outros bens duráveis, serão vendidos na plataforma chinesa.
A parceria entrará em vigor no terceiro trimestre deste ano. A estratégia visa a complementaridade, de acordo com o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano.
“Serão disponibilizados produtos das mais diversas categorias do AliExpress que são absolutamente complementares ao sortimento do Magalu, acelerando a estratégia de diversificação e de aumento de frequência de compras”, disse ele, em coletiva de imprensa nesta manhã.
Geladeiras e outros produtos de linha branca, por sua vez, farão parte do portfólio da varejista chinesa –“algo que o AliExpress não tem, mas no Magalu é muito forte”, disse Briza Bueno, diretora do AliExpress para a América Latina.
A importação da linha Choice acontecerá por meio do Remessa Conforme, programa do governo federal que prevê facilidades aduaneiras para as empresas inscritas e isenção do Imposto de Importação para compras de até US$ 50 (cerca de R$ 270, na atual cotação).
A isenção tributária, porém, pode estar com os dias contados. Aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado, o projeto de lei que prevê uma alíquota de 20% para compras internacionais de qualquer valor -apelidado de “taxa das blusinhas”- pode ser sancionado em breve pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A discussão sobre a taxação deu celeridade às negociações entre Magalu e AliExpress, de acordo com Trajano.
“Nós começamos as conversas no final do ano passado, em um time de mais de cem pessoas do Magalu envolvidas. O negócio foi evoluindo e acelerou bastante no último mês após a nova taxa, e nós ficamos muito confortáveis nessa nova situação para fazer o anúncio.”
O acordo entre ambas as varejistas não elimina a alíquota de importação para o consumidor brasileiro.
“Os produtos vão passar pelo certificado Remessa Conforme e serão taxados como qualquer outra empresa de ‘cross-border’, com as mesmas taxas que estão aí: estaduais, federais e, eventualmente, pela nova taxa federal em discussão. Será exatamente como está na legislação”, diz Trajano.
A vantagem para o consumidor, de acordo com ele, será de ter acesso a um leque maior de categorias.
“Quanto mais opções eu dou para o meu cliente, melhor para ele. Quanto mais opções o AliExpress dá para o consumidor dele, melhor para ele”, afirma.
Trajano, assim como outros grandes varejistas do país, criticava a “falta de isonomia tributária” sobre itens importados, que ganharam terreno nos últimos anos pelos baixos preços e maior diversidade de produtos. Questionado se um acordo com a AliExpress não seria contraditório nesse contexto, respondeu que a nova taxa deu “confiança” para seguir em frente com as negociações.
A parceria estratégica vem, também, em um momento de crise para o Magazine Luiza. A varejista tem amargado fortes perdas nos últimos anos em meio à concorrência estrangeira, com margens limitadas, também, pela manutenção da taxa de juros básica do país, a Selic, em patamares elevados.
No último mês de maio, as ações da empresa negociadas na Bolsa passaram por grupamento na proporção de dez para um, visando aumentar o valor do papel e garantir mais estabilidade nos pregões.
Só neste ano, as ações da varejista perderam quase 50% do valor. No primeiro pregão do ano, estavam sendo negociadas a R$ 21,30 e chegaram a R$ 10,83 na última sexta-feira (21), já considerando o grupamento de papéis.
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POR TAMARA NASSIF