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Brasil e Mundo
sáb. 27 abr. 2024
pílula masculina

Falta de incentivo e machismo atrasaram pílula anticoncepcional masculina

CONTRACEPTIVO MASCULINO: Resistência cultural e falta de interesse da indústria farmacêutica atrasaram avanço da pílula masculina.
por Folhapress

As mulheres têm diferentes métodos contraceptivos, como a pílula anticoncepcional, o DIU (dispositivo intrauterino), o diafragma, o adesivo hormonal, a camisinha feminina e a laqueadura. Para os homens, contudo, por décadas e até agora, só há disponíveis dois métodos: a camisinha e a vasectomia.

Os motivos por trás de existirem tantos métodos contraceptivos femininos mas não ter avançado, até agora, o desenvolvimento de uma “pílula contraceptiva” masculina são, em geral, por questões biológicas mas, também, culturais.

Segundo Elis Nogueira, ginecologista e obstetra pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein, a aceitação social e cultural dos métodos contraceptivos masculinos também é um aspecto importante a ser considerado.

“Historicamente, por sempre vivermos numa sociedade machista, recai um peso desigual sobre as mulheres, que é a responsabilidade de prevenir a gravidez, além de enfrentar os desconfortos e efeitos colaterais dos contraceptivos femininos disponíveis”, disse.

Há, no entanto, testes em escala global sendo feitos para buscar alternativas para a contracepção masculina. Algumas das pesquisas em andamento incluem contraceptivos hormonais masculinos, que funcionam por meio da administração de hormônios (como testosterona) para suprimir a produção de espermatozoides. Eles podem ser aplicados na forma de géis ou injeções hormonais no corpo.

Dentre os locais de pesquisa estão países como Índia, China e Estados Unidos. No Brasil, essa área acaba sendo mais tímida pela falta de recursos.

Há, também, barreiras físicas, como um gel não hormonal, batizado de ADAM, cuja eficácia em testes clínicos iniciais foi de 99%. O produto, da empresa de biotecnologia Contraline, dos Estados Unidos, tem a previsão de estar disponível para venda até 2027. Segundo a empresa, o procedimento para uso é semelhante a uma vasectomia e dura aproximadamente 15 minutos.

Ele funciona assim: com uma rápida aplicação por injeção, o hidrogel (gel solúvel em água) é injetado no vaso deferens, principal condutor da uretra masculina por onde passam os espermatozóides. Após a injeção, o gel bloqueia a passagem dos gametas masculinos. Por ser solúvel, o produto tem um prazo de validade finito e, após esse tempo, se dissolve e volta a permitir a passagem dos espermatozoides.

Existem também outros fármacos não hormonais em estudo, como um composto de inibidores de sAC (ciclase adenilil solúvel), responsáveis por impedir que os espermatozóides cheguem ao óvulo. O estudo, liderado por Jochen Buck e Lonny Levin, da Escola de Medicina Weill Cornell, em Nova York, ainda está em fase de desenvolvimento inicial. “Estamos trabalhando ativamente para encontrar um composto que prevemos que atenderá a esses critérios”, afirmam os pesquisadores.

Porém, segundo os especialistas, seu potencial para uso comercial está ainda em um futuro distante. Uma pesquisa financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates e pela organização sem fins lucrativos Male Contraceptive Initiative, mostra que homens nos EUA e em seis países de baixa e média renda têm interesse em experimentar contraceptivos.

Para Buck e Levin, um motivo para as pesquisas não terem avançado -são praticamente iguais à pílula contraceptiva feminina, que já completa 60 anos- é em parte histórico e em parte cultural.

“Há relutância por parte da indústria farmacêutica em abordar a contracepção masculina, por dois motivos: os homens são mais avessos aos efeitos colaterais e não há risco imediato à saúde deles, em comparação às mulheres, que estão expostas aos riscos da gestação e do parto.”

Por fim, há também uma pesquisa em andamento para o desenvolvimento de um diafragma masculino, um dispositivo de silicone em forma de cúpula que é colocado sobre a uretra para bloquear a passagem de espermatozoides. A aprovação e disponibilidade desses métodos podem variar de país para país, dependendo das regulamentações de saúde locais e da demanda do mercado.

Para o médico Marcelo Horta Furtado, supervisor da Disciplina de Reprodução do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, o primeiro problema para a lentidão no desenvolvimento de novos métodos é machista e cultural. O segundo, envolve a indústria farmacêutica.

“Ela não tem motivação”, diz Furtado. “Acha que não vai ter um mercado grande devido à resistência masculina de usar a medicação, uma vez que o homem não acha que é a responsabilidade dele”.

Enquanto tais pesquisas não avançam, a responsabilidade por evitar uma gravidez indesejada costuma recair sobre as mulheres, avalia a ginecologista Elis Nogueira.

Para a médica, a promoção da equidade entre os gêneros não implica apenas em oferecer métodos contraceptivos masculinos, mas também em garantir que homens e mulheres tenham acesso equitativo a informações, recursos e serviços relacionados à contracepção.

O urologista associado ao grupo de Andrologia do Serviço de Urologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo, Rafael Ambar, afirma, no entanto, que o cenário está mudando e que os homens estão mais dispostos a assumir esta responsabilidade.

O método contraceptivo masculino mais difundido e utilizado é a camisinha, altamente recomendada por não apenas prevenir a gravidez, mas também a transmissão de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). A camisinha é fácil de usar, não requer prescrição médica e é distribuída gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em postos de saúde e locais públicos, como estações de metrô.

Já a vasectomia é uma opção permanente e mais indicada para homens que têm certeza de que não desejam ter filhos no futuro. É uma escolha eficaz e de longo prazo, mas irreversível em certos casos, diz Nogueira.

Isso porque, em média, a taxa de sucesso da reversão é de 90% em até cinco anos após a cirurgia, 60% a 70% após 10 anos e 50% depois de 15 anos. Ou seja, quanto menor o período entre a vasectomia e a reversão, maiores são as chances de ter uma resposta positiva.

A técnica utilizada na reversão consegue contornar a área de fibrose para religar os ductos. Porém, existe a possibilidade do paciente não apresentar mais espermatozoides. Recentemente, a lei de Direitos Reprodutivos brasileira sofreu alterações, reduzindo a idade mínima de 25 para 21 anos ou ter dois filhos.

O tempo mínimo de 60 dias é preconizado entre o pedido e a cirurgia. Não há, pelo SUS, o procedimento de reversão da vasectomia.

O documento necessário para fazer a vasectomia na rede pública é o cartão do SUS. É preciso ir até um posto de saúde e manifestar a vontade de fazer o procedimento. Em seguida, é marcada uma consulta com um urologista.

Por THAIS PORSCH E VITÓRIA MACEDO

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