Tutor do cachorro Joca diz que caixa de transporte tinha identificação incorreta
João Fantazzini, tutor do cão Joca, morto após ser enviado para destino errado pela Gol Linhas Aéreas, afirma que a caixa onde o animal era transportado estava com identificação incorreta. Segundo ele, o advogado que o representa viu que a caixa tinha a inscrição “este é o cão Kiara” com destino a Manaus.
A declaração foi dada em entrevista à apresentadora Ana Maria Braga no programa Mais Você, da TV Globo, na manhã desta quinta (25). Os dois se emocionaram com o relato.
“Não me deram opção de ir a Fortaleza, só me mandaram para Guarulhos – depois, lotaram meu WhatsApp de fotos dele na pista em Fortaleza. Nem abriram a gaiola. A sensação térmica estava em 32°C na hora, imagina na pista. Ele ficou assando naquela caixa. Era meu filho que estava ali dentro”, disse. “Em momento algum ele teve veterinário. Ele não teve acompanhamento responsável em nada”, continuou.
Procurada no início da tarde desta quinta-feira, a Gol não havia se manifestado sobre o nome errado na caixa do cão até a publicação deste texto.
Joca tinha 4 anos e viajaria de São Paulo (Aeroporto de Guarulhos) para Sinop, em Mato Grosso, junto ao seu tutor. Por ser um cachorro de 47 kg – considerado de grande porte – não pode ir embaixo do assento à frente e precisou ser despachado numa caixa de transporte, indo no porão junto às malas dos passageiros. Mas, por um erro da companhia, acabou sendo enviado para a capital cearense. A viagem que deveria durar duas horas e meia levou oito horas e o golden acabou morrendo.
“Sempre sonhava em ter um golden retriever, porque sabia que era uma raça carinhosa e companheira. Mas Joca foi muito mais que isso”, desabafou Fantazzini.
Segundo o tutor, ao chegar ao Aeroporto de Guarulhos, tudo o que os funcionários lhe ofereceram foi um voucher no valor de R$ 35 para almoçar. “Pedi por um supervisor, mas disseram que ele estava em reunião. Uma gerente chegou depois e disse que Joca havia passado mal. Perguntei se ele havia morrido e ela não respondeu”, relembrou. Quando enfim encontrou Joca, Fantazzini conta que o cão já não tinha sinais vitais e estava muito molhado.
“No dia da morte [de Joca], o presidente da Gol me ligou. Ele me pediu desculpa. Eu falei: ‘quem matou meu cachorro foi seu operacional, não tô nem aí que você é o presidente’. Eu velei o Joca e não tive apoio nenhum”, disse o engenheiro. “Não tem lei. Cada companhia aérea trata de uma forma [o transporte de animais].”
Em nota, a Gol diz que houve uma falha operacional e que, após o pouso em Guarulhos, foi surpreendida pela morte do animal. A empresa afirma estar dando suporte ao tutor, diz que apura o que ocorreu e que lamenta a perda do animal.
O caso é investigado pela Delegacia do Meio Ambiente de Guarulhos, na Grande São Paulo, e expõe fragilidades do modelo de transporte aéreo de animais em porões ou aviões de carga adotado no Brasil.
POR DIEGO ALEJANDRO