Três motivos que explicam a disparada do bitcoin no ano de 2024
As razões que fizeram o bitcoin atingir a máxima histórica nesta terça-feira (5), por que a cotação do ouro também bateu recorde, disputa por “paternidade” de investimento de R$ 11 bilhões da Toyota em fábrica no interior paulista e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (6).
POR QUE O BITCOIN DISPARA?
O bitcoin manteve sua sequência de alta na manhã desta terça e renovou sua máxima histórica ao atingir a cotação de US$ 69.202 (R$ 342.425). O último pico havia sido alcançado em novembro de 2021, a US$ 68.999.
A cripto caiu bem durante o dia e estava cotada em US$ 63.814 no fim da noite. No ano, ela acumula alta de 44%, nos últimos seis meses, o salto é de 150%.
O que explica a disparada?
↳ ETF: a liberação da SEC (CVM americana) para a negociação de fundos negociados em Bolsa que compram a criptomoeda à vista é apontada como o principal motivo para a atual febre.
- O argumento é que a modalidade abriu oportunidade para investidores acessarem o mercado. Antes, eles precisavam abrir conta em uma exchange (corretora cripto).
↳ Halving: é um processo que acontece de quatro em quatro anos. Ele corta pela metade o número de bitcoins que pode ser “liberado” pelos mineradores, que também ganham menos com o processo.
A ideia aqui é que a menor oferta da moeda torne ela cada vez mais como uma reserva de valor.
↳ Cenário econômico: ao que tudo indica os EUA escaparam de uma recessão, e o corte de juros deve vir até o meio do ano.
Com os títulos do Tesouro americano pagando menos, quem sai ganhando são os ativos mais arriscados, como Bolsa e criptos.
SOBE E DESCE
Não faz tanto tempo que o bitcoin estava cotado abaixo de US$ 20 mil (janeiro de 2021). O derretimento das cotações acertou o mercado em cheio, levando à falência da corretora FTX (a segunda principal) e ao aumento do escrutínio sobre a Binance (a maior).
Os defensores do mercado dizem que esses episódios ajudaram a separar o joio do trigo e a dar mais credibilidade ao setor.
A cotação do ouro também atingiu a máxima histórica nesta terça.
A justificativa não é tão óbvia, já que o ativo é tido como uma reserva de valor que costuma se valorizar em momentos de crise financeira ou inflação nas alturas não estamos vivendo nem um, nem outro.
Entre as razões apontadas por analistas para o novo recorde estão a expectativa pela queda de juros nos EUA, tensões geopolíticas na Ucrânia e em Gaza e até o temor de chineses com o mercado local, que os levou a comprar mais ouro.
QUEM É O ‘PAI’ DOS R$ 11 BI DA TOYOTA?
A Toyota confirmou nesta terça um investimento de R$ 11 bilhões em sua operação no Brasil até 2030.
Os recursos irão para ampliar a capacidade da fábrica de Sorocaba (SP) na produção de veículos e motores, com os novos modelos híbridos flex – movidos a eletricidade, etanol e gasolina.
O anúncio foi marcado por uma disputa política acerca de sua “paternidade”, ou seja, quem foi o responsável por atrair os recursos da montadora japonesa: o governo federal ou o estadual.
A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que teve o papel de convencer os executivos da montadora a destinarem a grana para o Brasil em vez do México. Até 2027, a empresa terá R$ 1 bilhão em créditos tributários estaduais acumulados.
O governo Lula (PT) destaca seu programa Mover (Mobilidade Verde) e o IPI Verde, que beneficia os modelos híbridos flex, por pagarem menos imposto que os 100% elétricos algo que beneficia diretamente a Toyota.
A Toyota é mais uma montadora a anunciar bilhões em investimentos no país nos próximos anos.
Essa onda, analisa o repórter Eduardo Sodré, da Folha de S.Paulo, faz parte de um movimento necessário na indústria para adequar os veículos a regras ambientais e de segurança que entrarão em vigor.
VEJA OUTROS ANÚNCIOS BILIONÁRIOS
- General Motors – R$ 7 bilhões até 2028 para adequar fábricas para produção de novos veículos, incluindo híbridos flex.
- Volkswagen – R$ 16 bilhões de 2022 a 2028 com o foco em eficiência energética para fabricar carros híbridos.
- Hyundai – R$ 5,4 bilhões até 2032 em tecnologia para carros híbridos, elétricos e movidos a hidrogênio verde.
RÓTULO INDESEJADO
Desde o fim do ano passado, os brasileiros começaram a se deparar com uma nova etiqueta na embalagem de alguns de seus produtos preferidos do supermercado.
Uma lupa preta com a indicação “alto em” alerta para elevados teores de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio.
Ela se tornou obrigatória depois de nove anos de debate entre Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), fabricantes e entidades da sociedade civil, como o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
A novidade mudou o hábito de consumo dos brasileiros? É o que a pesquisa da consultoria Bain & Company tentou entender:
- 56% perceberam a nova rotulagem;
- 46% (entre os que perceberam) desistiram de comprar o produto ou pretendem reduzir o consumo;
- 34% repensaram o consumo, mas ainda assim compraram;
- 20% disseram que nada mudou.
- A pesquisa ouviu 1.998 pessoas em novembro e tem margem de erro de 2,2%, com intervalo de confiança de 95%.
Como as fabricantes se adaptaram? A repórter Daniele Madureira, da Folha de S.Paulo, procurou seis grandes empresas do setor alimentício, mas só Danone e Nestlé responderam.
↳ A Danone adaptou a sobremesa láctea Danette, com redução no teor de açúcar, para que ela não recebesse o rótulo. Ela diz que o sabor não mudou.
A manteiga e o requeijão da marca (inclusive a versão light), porém, contêm o selo de alto teor em gordura saturada. A justificativa é que a composição deles teria que ser mudada drasticamente para que não recebessem o novo rótulo.
↳ A Nestlé diz que há a possibilidade de produzir itens com cada vez menos açúcar, gordura e sódio, mas a dúvida é se terá público para este tipo de produto, porque o sabor muda muito.
LEVI’S QUER IR ALÉM DAS CALÇAS
A Levi’s quer fugir do rótulo de ser apenas uma fabricante de calças, mostra o New York Times.
A estratégia passa pela agenda da nova CEO, Michelle Gass, de abertura de lojas próprias e a dependência cada vez menor das lojas de departamentos que vendem suas peças.
O que a Levi’s quer com a mudança? Recorrência.
Ao exibir em suas lojas outras peças, como camisas, macacões e jaquetas, a fabricante deseja atrair clientes que não aparecem só para comprar calças, um produto de alta durabilidade.
A estratégia de “combinação de roupas”, citada pela CEO, passa também pelo fortalecimento do ecommerce da marca.
O objetivo principal é transformar a empresa de 171 anos de idade em uma verdadeira varejista, em vez de uma marca que vende seus produtos principalmente nas lojas de terceiros.
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