Troca no comando da União Brasil reforça chance de federação com PP de Lira
A futura troca no comando da União Brasil pode facilitar o caminho para que o partido faça uma federação com o PP, avaliam integrantes da própria legenda.
Na prática, isso significa que as duas siglas andariam como uma só nas eleições tanto municipais como nacionais. Dirigentes partidários favoráveis a essa ideia ponderam, no entanto, que o assunto não deve ser resolvido no curto prazo.
O principal entusiasta dessa ideia é o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), para quem fazer a junção das siglas – mas num formato diferente de uma fusão – facilitará a eleição de parlamentares no Congresso e gerará economia de dinheiro.
O plano dos dirigentes partidários é ainda mais ambicioso e prevê juntar ao grupo da federação o Republicanos.
Uma união dessas siglas colocaria no mesmo barco para 2026 o governador paulista Tarcísio de Freitas (hoje no Republicanos e que pode disputar tanto a reeleição em SP como sair candidato ao Planalto) e o governador goiano Ronaldo Caiado (hoje na União Brasil e pré-candidato à Presidência, além do atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que deixa o comanda da Casa em fevereiro de 2025.
A União Brasil surgiu da fusão do DEM (ex-PFL) e do PSL (partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente em 2018).
Nesta quinta-feira (29), os principais líderes da União Brasil aprovaram em convenção partidária uma mudança na cúpula do partido, prevendo a destituição de Luciano Bivar para colocar no lugar dele o atual vice, o advogado Antônio Rueda.
A nova chapa tomará posse em junho. Bivar, cujo mandato acaba em maio, era contra a federação. Ele não reconhece o resultado da reunião, afirma que ela não tem “efeito prático” e promete contestá-la. Apesar disso, o dirigente está isolado no partido e terá dificuldade de conseguir reverter o resultado.
A atual executiva tem 47 membros e tem quatro dos principais cargos ocupados por defensores da federação.
Entre eles estão Rueda, o segundo vice-presidente, ACM Neto (BA), o terceiro vice-presidente, Elmar Nascimento (BA), líder do partido na Câmara, e o secretário-geral, Davi Alcolumbre (AP), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Os dois últimos são potenciais candidatos à Presidência da Câmara e do Senado, respectivamente, no ano que vem.
Em outra frente, há nomes que apresentam resistência à ideia. O líder do partido no Senado, Efraim Filho (PB), sinalizou a aliados não concordar com a ideia de uma federação, da mesma forma como o deputado Mendonça Filho (PE) e o governador Caiado.
Quem resiste à ideia avalia que a federação beneficiaria sobretudo os candidatos no Congresso.
“Eu vivi um processo duro no partido, que me foi difícil em Pernambuco por conta de Bivar, arrumamos o partido hoje e agora vou inventar uma federação? Deixa eu pegar um fôlego. Em 2026 a gente pode abrir a discussão”, avalia Mendonça.
Elmar, por sua vez, defendeu publicamente essa possibilidade durante o anúncio da troca da presidência da União Brasil.
“O PP é um partido irmão. Espero que a partir de amanhã a gente possa voltar a discutir a nossa federação, que é algo importante para o Brasil. Pode ser que nós possamos caminhar juntos com o PP e talvez com o Republicanos, [para] colocarmos à frente os interesses da nossa nação”, afirmou Elmar.
“Posso até ser vencido na federação, mas será na política”, continuou.
O anúncio da troca na cúpula da União Brasil, inclusive, contou com a presença de Ciro Nogueira e do líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ).
Caso a federação entre PP e União Brasil seja sacramentada, a aliança teria a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares (ultrapassando o PL, hoje com 97) e alcançaria a marca de 13 senadores.
Apesar disso, há membros do PP que dizem que é preciso cautela nesse movimento, diante das brigas internas da União Brasil. Há uma avaliação de que a decisão nesse sentido só será tomada se houver uma pacificação na legenda.
De acordo com relatos feitos à Folha de S.Paulo, o PP indicou à União Brasil que poderá apoiar a candidatura de Alcolumbre à presidência do Senado em 2025 como parte da costura da aliança. Esse movimento diminuiu a resistência de Alcolumbre à federação, segundo esses interlocutores.
Dificilmente a decisão será tomada antes das eleições municipais de outubro, avaliam dirigentes da União Brasil.
Por outro lado, há conversas também para uma eventual federação entre PP e Republicanos. De acordo com membros do PP, isso estaria praticamente sacramentado – restando apenas decidir se há disposição para que isso ocorra já para as eleições municipais de outubro ou se ficará para depois.
Caso PP e Republicanos se unam em uma aliança, o caminho estaria pavimentado para, no futuro, se aliarem à União Brasil, formando assim uma bancada robusta no Congresso Nacional.
O objetivo dos dirigentes é formar a federação ao menos antes das eleições de 2026. O cálculo de presidentes de partidos é que hoje é gasto um volume muito grande de dinheiro com candidaturas frágeis. Ao formar federações, eles dizem que esse problema seria minimizado.
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POR JULIA CHAIB E VICTORIA AZEVEDO