Padre acusado de atropelar e matar homem vai a júri popular
A Justiça de Santa Cruz do Rio Pardo (distante 120 quilômetros de Marília) pronunciou a júri popular o padre Gustavo Trindade dos Santos por homicídio qualificado, com recurso que dificultou a defesa da vítima. O frei é apontado como o responsável pelo atropelamento de Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, na noite do dia 7 de maio de 2022, no Centro da cidade.
A decisão foi publicada nesta segunda-feira (27) pelo juiz Pedro de Castro e Sousa, da Vara Criminal de Santa Cruz do Rio Pardo.
Na decisão, o magistrado considera que o crime está demonstrado pelo auto de exibição e apreensão, pelo laudo de exame pericial do veículo apreendido, pelo laudo pericial das imagens de segurança do local dos fatos, pelo relatório de investigação, pelo prontuário de internação da vítima e informações médicas fornecidas, pelo laudo de exame de corpo de delito da vítima, pelo exame necroscópico, pelo laudo pericial do local dos fatos e pela prova oral colhida em juízo.
Os relatos de testemunhas estão presentes no texto, bem como o próprio depoimento do acusado.
“O estudo dos elementos de prova aponta para a presença de suficientes indícios de autoria, indicando o réu como sendo a pessoa que conduzia o veículo automotor envolvido na colisão ocorrida nas circunstâncias de tempo e lugar narradas na exordial acusatória que, em tese, causou lesões corporais na vítima que, posteriormente, teriam levado à sua morte”, pontua o juiz.
Sousa considera que “há, portanto, elementos suficientes para a pronúncia do réu, devendo-se permitir que o Tribunal do Júri conheça com profundidade as teses defensivas e julgue o crime que é de sua competência, com afastamento, neste momento, tão somente da qualificadora.”
O despacho permite que o acusado recorra em liberdade. A data prevista do julgamento ainda não foi divulgada.
DENÚNCIA
Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), o caso ocorreu no dia 7 de maio de 2022, às 20h54, na avenida Tiradentes.
O texto narra que o padre estava na condução do veículo automotor GM Cobalt e teria assumido o risco de matar a vítima, ao causar ferimentos graves descritos no exame de corpo de delito.
Conforme o MP, a morte da vítima ocorreu em 27 de julho de 2022, por volta das 8h30, na Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo, em decorrência do agravamento dos ferimentos sofridos.
CÂMERAS
O atropelamento foi flagrado por uma câmera de segurança. As imagens mostram o momento em que um carro atinge o acusado. Depois, o motorista dá marcha à ré, manobra e vai embora.
Novos vídeos mostram que o padre perseguiu o homem por pelo menos 1,4 quilômetro.
O carro usado no atropelamento – que pertence à Diocese de Ourinhos – foi encontrado pela polícia e encaminhado à perícia.
O automóvel foi recolhido no estacionamento do Colégio Dominicano, que fica nas dependências do Santuário Nossa Senhora de Fátima. O carro apresentava a parte da frente e as laterais danificadas.
A Polícia Civil chegou a pedir, por duas vezes, a prisão do religioso, mas a Justiça negou as solicitações.