Google lança versão de teste do concorrente do ChatGPT
O Google liberou testes de usuários com seu chat de inteligência artificial Bard. Mas estará disponível apenas em inglês, para determinados usuários com mais de 18 anos.
Ao contrário de seu rival viral ChatGPT, o Bard pode acessar informações atualizadas da internet e possui um botão “pesquisa no Google” que acessa a busca.
Ele também diz quais são as fontes das informações prestadas, como a WikiPedia.
O Google alertou que o Bard teria “limitações”, como compartilhar informações erradas e mostrar certos tipos de viés.
Isso ocorre porque ele “aprende” com bancos de dados informações no qual esses vieses podem estar presentes – o que significa que é possível que estereótipos e informações falsas apareçam em suas respostas.
Como os chats de inteligência artificial funcionam?
Os chats de inteligência artificial são programados para responder a perguntas online usando linguagem natural e humana.
Eles podem escrever qualquer coisa, desde discursos até códigos de computador e redações de alunos.
Quando o ChatGPT foi lançado em novembro de 2022, conseguiu mais de um milhão de usuários em uma semana, disse a OpenAI, a empresa por trás dele.
A Microsoft investiu bilhões de dólares nele, incorporando o produto em seu mecanismo de busca Bing no mês passado.
Também divulgou planos para trazer uma versão da tecnologia para seus programas como Word, Excel e Powerpoint.
O Google tem sido mais lento e cauteloso com sua versão, o Bard, lançada nesta terça (23/03) nos EUA e no Reino Unido. Os usuários terão que se registrar para experimentá-lo.
O Bard é uma evolução de um modelo de linguagem anterior do Google chamado Lamda, que nunca foi totalmente lançado ao público.
No entanto, atraiu muita atenção quando um dos engenheiros que trabalhou nele afirmou que suas respostas eram tão convincentes que ele acreditou que o robô era consciente. O Google negou as acusações e profissional foi demitido.
O diretor de produtos do Google, Jack Krawczyk, disse à BBC que o Bard é “um experimento” e espera que as pessoas o usem como uma “plataforma para a criatividade”.
Impulsionar a criatividade
Krawczyk mostrou um exemplo de como ele havia usado Bard para ajudá-lo a planejar a festa de aniversário de seu filho.
Ele sugeriu um tema que incorporou o amor de seu filho por coelhos e ginástica, encontrou o endereço de um local que ele mencionou e sugeriu brincadeiras e comidas para a festa.
“Grande parte da cobertura [da mídia] sobre a inteligência artificial como protagonista”, disse Krawczyk. “Acho que o ser humano é o herói e os grandes modelos de linguagem de IA estão aqui para nos ajudar a impulsionar a criatividade.”
O banco de dados usado pelo ChatGPT se estende apenas até o ano de 2021 – ele não pode, por exemplo, responder a perguntas sobre o recente terremoto na Turquia e na Síria. Já o Bard pode acessar informações atuais.
Ele é programado para não responder a perguntas ou frases ofensivas e possui filtros para impedir o compartilhamento de informações prejudiciais, ilegais, sexualmente explícitas ou de identificação pessoal, mas “como qualquer método, essas proteções falharão ocasionalmente”, disse Zoubin Ghahramani, vice-presidente de pesquisa do Google.
Este é um lançamento de produto extremamente cauteloso, o mais distante possível do antigo lema de empresas de tecnologia “mova-se rápido e quebre coisas”.
Ameaça?
Apesar de toda a empolgação que existe em torno desse tipo de tecnologia, há histórias de terror sobre algumas das coisas mais perturbadoras que o ChatGPT foi levado a fazer, e também há temores de que essas ferramentas poderosas, ainda em sua infância, possam ser um ameaça enorme para muitos tipos diferentes de empregos.
Existe também – e isso é particularmente relevante para o Google – uma teoria de que os chatbots poderiam um dia substituir completamente o lucrativo negócio de busca na internet.
Por que percorrer páginas de links de resultados de pesquisa quando você pode obter apenas uma resposta bem escrita? O Google não pode ficar de fora da corrida.
Krawczyk e Ghahramani falam muito sobre a responsabilidade e os princípios que acompanham a tecnologia, sobre os enormes centros de dados que alimentam o Bard e como pretendem administrá-los usando energia renovável.
Só para maiores
Eles revelaram que o Google estava restringindo o acesso ao Bard a maiores de 18 anos quando questionados se os estudantes começariam a usar o Bard para fazer a lição de casa.
O Google diz que monitorará de perto o Bard para garantir que ele siga seus próprios “princípios de IA”, que incluem evitar preconceitos.
Ele não será capaz de expressar opiniões ou assumir uma personalidade, embora, como o ChatGPT, possa imitar os estilos de escrita de outras pessoas.
O chat ajudou o Google a escrever o anúncio para si mesmo, disseram Sissie Hsiao e Eli Collins, da empresa.
“Nem as sugestões eram boas. Mas, mesmo assim, nos faziam rir”, disseram.
Fonte: BBC