O prazer de lecionar e aprender
Há aproximadamente 23 anos tive a minha primeira experiência como professor universitário. Foi um momento mágico. A possibilidade de compartilhar conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolver uma relação dialógica de aprendizado mútuo me deu a certeza de que estar em uma sala de aula seria uma frequente em minha vida.
Contudo, como não conseguimos controlar a vida, alguns acontecimentos fizeram com que eu me afastasse da docência na graduação por onze anos e, apesar de eu manter o contato com alunos em cursos de especialização, parecia que faltava algo: faltava voltar para a graduação.
Esse desejo se concretizou em 2014, quando fui convidado para fazer parte do time de professores da Unimar que, a despeito de ter como meta a instalação de um doutorado em Direito – curso inédito para a região -, também teria que lecionar na graduação, na especialização e no mestrado.
O doutorado da Unimar, que naquele momento era um sonho, hoje já é uma realidade, com vários doutores formados e com grande destaque em âmbito nacional, em especial diante da virtualização promovida em razão da pandemia de Covid-19, com centenas de “lives”, além das aulas regulares. Lecionar no mestrado e no doutorado, em Marília, com certeza é um privilégio, ao qual agradeço todos os dias.
Mas, como já disse, também considero imprescindível lecionar na graduação e, nas duas últimas semanas, tive essa certeza reafirmada, diante da imensa dedicação que os alunos dos primeiros e terceiros termos (diurno e noturno) do curso de Direito da Unimar direcionaram para dar conta dos desafios que lancei para eles.
No caso dos alunos de Direito Empresarial (3° termos), os desafios eram dois: o primeiro deles, identificar pessoas que trabalham na informalidade, estudar a sua situação e apresentar uma proposta de intervenção para que elas possam se formalizar; o segundo desafio, escolher um determinado setor da economia e analisar como ele foi afetado pela pandemia de Covid-19.
Para os alunos de Criminologia (1° termos), o trabalho também envolveu a pandemia da Covid-19, mas em outro setor. Cada grupo escolheu um determinado tipo de crime e verificou como a sua incidência variou durante a pandemia.
Os resultados foram sensacionais!
Fiquei extremamente feliz com o empenho dos alunos na realização das pesquisas necessárias para a elaboração dos trabalhos, as quais envolveram não apenas consultas em sites eletrônicos, mas, também, pesquisa de campo, com entrevistas, questionários etc., sempre com a preocupação em observar os parâmetros estabelecidos pelos Comitês de Ética na pesquisa.
Além disso, a propriedade com que os alunos apresentaram suas conclusões trazia a impressão de que estávamos diante de profissionais experientes, com longa atuação no mercado de trabalho, quando, na verdade, ainda estão começando a sua caminhada no âmbito jurídico. E que bela caminhada.
As apresentações me trouxeram a convicção de que estimular os alunos à pesquisa e à experimentação, fazendo com que eles se tornem protagonistas nas salas de aula, é um dos melhores caminhos para a formação de profissionais capacitados para enfrentar os desafios que a nova realidade nos impõe. Adotar mecanismos que permitam que os alunos desenvolvam as suas potencialidades deve ser uma das prioridades dos professores e de todos os profissionais da educação.
Ao final, aprendi muito com meus alunos e esse é o melhor presente que um professor pode receber.
Viva!!