Atrito com Rezende afastou Espadoto da Câmara Municipal
Tensão nos bastidores políticos de Marília, em um dos principais núcleos de poder governista. O Marília Notícia apurou que os verdadeiros motivos do afastamento de Sandro Espadoto da chefia do gabinete do presidente da Câmara Municipal, Marcos Rezende (PSD), estaria bem além de questões de saúde.
O clima pesado na Câmara é admitido por Espadoto, que afirma ter se afastado do cargo para cuidar da saúde.
Em entrevista ao site, ele alegou problemas particulares e “estafa”. Mas admitiu que o trabalho vinha sendo fator de estresse. Questionado sobre a relação com Rezende, porém, se esquiva.
“Não houve atrito nenhum. O que houve foi um problema de saúde”, garantiu Sandro, que é secretário do partido.
Fontes do MN, porém, afirmam que houve discussão acalorada – inclusive com xingamento – por parte do subordinado, diante da cobrança de resultados do presidente da Câmara.
Bastidores do poder
Sobretudo em ano eleitoral, os caciques partidários, com maior chance de sucesso nas urnas, esperam que os assessores façam a ponte entre os pré-candidatos e a máquina pública.
O objetivo é mostrar influência, resolvendo problemas como buracos nas ruas, sinalizações, agilidade em serviços públicos – pelos quais todo cidadão já paga – além de mediações de conflitos, que se instalam quando a população demora para ser atendida.
Todas as semanas a Câmara aprova dezenas de indicações e requerimentos, que dependem do empenho dos assessores para agilizar respostas, nos corredores da burocracia governamental.
O problema é quando o vereador começa a perder o trânsito junto a pessoas próximas do Executivo. Embora alinhado politicamente com Daniel Alonso (PSDB), Rezende enfrenta há meses resistência de assessores próximos ao prefeito, inclusive com tiroteio via impressa.
O MN apurou que Sandro Espadoto estaria encontrando mais dificuldade em entregar resultados, justamente pelos atritos entre Rezende e pessoas próximas ao governo.
Um desses pedidos não atendidos – reivindicação de pré-candidato a vereador – teria deixado Rezende irritado. Mas dessa vez, o escudeiro teria perdido a paciência e revidado.
Logo após a explosão, Sandro teria avisado que estava fora do cargo. Poucos dias depois, o tom já é outro. O chefe de gabinete fala em atestado já no setor de Recursos Humanos (RH) da Câmara para afastamento médico de 15 dias.
Ao MN, Espadoto, que já ocupou dois cargos no governo Daniel antes de ser nomeado na Câmara, disse que voltará a trabalhar com o grupo político do PSD, mas que não pretende reassumir o cargo de chefe de gabinete do presidente da Câmara. “Eu acredito que devo ficar mais interno, cuidar destas eleições”, disse.
Vale lembrar que Rezende é o atual cacique do PSD em Marília, ungido por Walter Ihoshi e Gilberto Kassab. Já Sandro Espadoto valorizou seu passe no PHS – partido que elegeu João do Bar – e se associou ao grupo do presidente da Câmara pela reconhecida capacidade de articulação política.
A reportagem do site procurou o presidente da Câmara para questionar sobre o episódio envolvendo o assessor, mas ele não retornou aos pedidos de posicionamento.