Amazon se une à polícia contra criminalidade
A companhia americana Amazon afirmou nesta quarta-feira, 27, que mais de 400 departamentos de polícia dos Estados Unidos se uniram a sua rede Ring Neighbours (em tradução livre, Campainha de Vizinhos), um programa de combate ao crime que utiliza os vídeos gravados pelo interfone residencial digital desenvolvido pela empresa que tem gerado preocupações com as liberdades civis.
O programa representa uma parceria incomum entre a empresa de tecnologia e as agências de aplicação da lei naquele País, através da qual eles ofereceram dispositivos Ring gratuitamente ou com desconto para os residentes como parte dos esforços de prevenção ao crime.
A Ring, fabricante de dispositivos comprada pela Amazon por US$ 839 milhões, afirma que seu interfone com vídeo e suas aplicações associadas ajudam a melhorar a comunicação entre os moradores e seus respectivos departamentos de polícia.
A comunicação entre o morador e a polícia se dá através do compartilhamento das imagens obtidas pelo aparelho com as forças de segurança.
“Hoje, 405 agências usam o Neighbors, que permitem aos agentes da ordem pública interagir com sua comunidade local”, disse o diretor-executivo da Ring, Jamie Siminoff, em seu blog.
Isto inclui “divulgar informação importante sobre crimes e atos de segurança em suas vizinhanças” e “pedir ajuda em investigações ativas emitindo solicitações de gravações de vídeo”, explicou Siminoff.
Mas o programa também gerou temores entre grupos de defesa das liberdades civis de maior vigilância da polícia sem garantias de como os dados são coletados e armazenados.
Jay Stanley, analista de políticas da União das Liberdades Civis dos Estados Unidos, disse que o programa corre o risco de gerar grandes quantidades de dados carregados na nuvem da Amazon, que podem ser acessados por autoridades sem proteção da privacidade.
“Você tem duas instituições poderosas, a Amazon e a polícia, que cooperam para aumentar a vigilância nas comunidades americanas, e isso é um pouco assustador e desconcertante”, disse Stanley. “E a Amazon tem policiais para promover a Ring, servindo como agentes de vendas financiados com dinheiro público”, disse.
Mas a Amazon respondeu ao que chamou de notícias “enganosas” sobre o programa.”Queremos deixar as coisas claras: os clientes, não as autoridades, têm controle sobre seus vídeos”, disse a empresa em comunicado enviado por e-mail.
A Amazon disse que os vídeos são compartilhados somente se um cliente der o seu consentimento ou se tornar público e se os responsáveis pela aplicação da lei “precisarem passar pela equipe do Ring quando fizerem uma solicitação de vídeo aos clientes”.