Sem reformas, Brasil ficará mais vulnerável a crises globais, diz Guardia
Depois de mais um dia de forte turbulência no mercado financeiro, com a sexta alta consecutiva do dólar, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse ontem (19) ao Estadão/Broadcast que o movimento de valorização da moeda americana é global e atinge principalmente as moedas de países emergentes. Mas afirmou que o momento exige a continuidade das reformas. Sem elas, disse, o Brasil fica mais vulnerável.
Em relação ao movimento dos últimos dias – ontem, o dólar chegou a bater em R$ 3,77, embora depois tenha recuado um pouco (ver página B4) – Guardia lembrou que moedas de diversos países, como África do Sul, México, Chile, Colômbia e Turquia, também tiveram desvalorização. Em menor escala, até mesmo o euro e a libra perderam valor frente ao dólar. “O Brasil é afetado como é afetada a maior parte dos países. Evidentemente, os países emergentes são mais afetados dos que as economias maduras”, disse.
O ministro afirmou que o Brasil está preparado para enfrentar esse quadro internacional mais adverso, mas aproveitou para alertar que é preciso avançar nas reformas que vão assegurar a melhora das contas públicas. “O Brasil tem uma situação externa muito confortável. Reservas internacionais altas, déficit em conta corrente que é pequeno e amplamente financiado pelo investimento externo estrangeiro, inflação e juros baixos. Mas sempre destacamos que é fundamental persistir nas reformas que vão assegurar a melhoria do lado fiscal”, disse.
Como mostrou o Estado, o governo tem planos de retomar a votação da reforma da Previdência depois das eleições. Além disso, a equipe econômica se esforça para aprovar o projeto de fim da desoneração da folha de pagamento – medida tomada no governo Dilma Rousseff que reduziu impostos pagos por empresas de diversos setores -, mesmo que para isso tenha de aceitar que mais setores fiquem de fora do aumento da carga tributária.
Banco Central. Guardia afirmou que, no curto prazo, o Banco Central tem os instrumentos para reduzir o nível de volatilidade da moeda. Nesta sexta (18), o órgão anunciou uma oferta extra de swap cambial, ferramenta utilizada para intervir no mercado de câmbio (ver página B4). “É uma combinação de atuação de curto prazo para reduzir volatilidade e a resposta de médio e longo prazos é as reformas”, disse. O ministro afirmou que o BC, no câmbio, e o Tesouro Nacional, no mercado de juros, atuam com uma estratégia coordenada. O Tesouro chegou a interromper as negociações de títulos do Tesouro Direto ontem (18) pela manhã.
A uma pergunta se rumores sobre resultado de pesquisas eleitorais influenciaram o mercado ontem (18), o ministro disse que cada vez mais a questão eleitoral está presente, e o grau de percepção do que vai acontecer no Brasil a partir de 2019 vai afetar o humor do mercado. “Isso faz parte da paisagem. Não tem jeito”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.