Volta das aulas presenciais preocupa pais e educadores
Professores, diretores e pais de alunos da rede municipal de ensino de Marília estão receosos com a possibilidade de volta às aulas ainda em 2020. A preocupação é com a segurança das crianças e com as consequências de eventual contaminação pelo coronavírus.
A Prefeitura de Marília anunciou que não tem previsão de retorno e que qualquer previsão só será comunicada após diálogo com servidores da Educação e familiares das crianças.
Na rede estadual de ensino, o Plano de Retomada apresentado pelo governo do Estado tem série de fatores condicionantes – com a região estar na fase amarela do Plano São Paulo por pelo menos 28 dias.
Inicialmente a previsão era 8 de setembro, mas já passou para o dia 7 de outubro. A gestão João Dória (PSDB) informou, entretanto, que permitirá a reabertura das escolas já no próximo mês para acolhimento e atividades de reforço, além do uso de laboratórios e bibliotecas.
Em Marília, o Sindicato dos Trabalhadores nos Serviços Públicos Municipais (Sindimar) fez um protesto recente. A entidade declarou não ser contra nem a favor da volta às aulas, mas pediu diálogo e segurança.
Diretoras
Diretoras de escolas municipais ouvidas pelo Marília Notícia disseram que não se sentem seguras para o reinício, sem que haja uma vacina.
“Por se tratar de crianças muito pequenas, não dá para impor o distanciamento ente elas. É algo novo que não temos como lidar”, afirma uma diretora.
Outra dirigente de unidade escolar teme a contaminação e adoecimento de adultos, além da reação das famílias, caso haja alguma contaminação. Ela lembra que em vários países escolas já tiveram que fechar.
“E aí, o que fazer? Fecha a escola de novo? E os outros pais, que se prepararam para o retorno? Sinceramente, não podemos assumir esse risco”, afirma.
Receio
A psicóloga Michele Braz tem uma filha de cinco anos na rede municipal. Para ela, a volta pode ficar para o próximo ano, porque não existe a garantia de segurança.
“Não dá para garantir distanciamento nas escolas, vão separar todos os objetos? É importante que ouçam os profissionais de saúde, que tenham responsabilidade. Penso que já demorou tanto, já ficamos tanto tempo com as crianças em casa, sem a escola presencial, que não compensa retornar esse ano”, opina.
Secretário
Em entrevista ao MN, o secretário municipal da Educação, Helter Rogério Bochi, informou que uma pesquisa está sendo feita para ouvir a opinião dos pais de alunos.
“Estamos utilizando uma plataforma e os dados serão usados para discussão no comitê de enfrentamento a Covid-19”, disse.
Pesquisas
Uma pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência e divulgada no início desse mês por uma rede de escolas privadas, apontou que 60% das pessoas ouvidas se dizem contra o retorno às aulas presenciais no Estado.
Nesse levantamento, apenas 26% é a favor e 11% não tem opinião formada ainda.