Vinicius representará 132 municípios em reunião sobre água
O Conselho Estadual de Recursos Hídricos estará reunido nesta terça-feira, às 14h, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Será uma reunião em caráter emergencial para se discutir a crise no abastecimento de água no Estado diante da mais grave estiagem dos últimos 70 anos.
O prefeito de Marília, Vinicius Camarinha, foi eleito para representar 132 municípios das bacias do Baixo Tietê (regiões de Araçatuba e Andradina) e Aguapeí-Peixe. “Fui convocado pelo governador Geraldo Alkmin e pela Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos para a discussão sobre os efeitos da estiagem em todo o território paulista. Mais de 300 municipios foram afetados e muitos já estão racionando. Por isso, deverão ser adotadas medidas em caráter emergencial. Marília, por exemplo, foi afetada pela estiagem no Rio do Peixe, responsável pelo abastecimento de 65% da população, e represa Cascata”, comentou Vinicius.
Aguardado como solução a curto prazo para amenizar a crise hídrica na Grande São Paulo e interior do Estado, o volume de água que chegará aos mananciais paulistas ainda é uma incógnita para pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que reúne as melhores informações da área no País.
“O nível do Sistema Cantareira que abastece a capital paulista está em 10,1%. Não tem nada que indique um atraso nas chuvas no Sudeste, porém, não temos nenhuma evidência que a próxima estação chuvosa seja abundante. Ainda assim, precisaria ser muito abundante para ajudar a recuperar os mananciais. Infelizmente, a previsibilidade para esta região ainda é baixa e precisamos aguardar novos modelos de previsão climática”, explicou José Marengo, pesquisador do INPE (Instituto Nacional de pesquisas Espaciais), durante reunião climática.
A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Água e ao Saneamento, Catarina Albuquerque, atribuiu ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a responsabilidade de pela falta de água no estado. Em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada no último dia 31 de agosto. Ela afirma que não é a única a ter esta opinião. Candidato à reeleição, o governador tucano nega o racionamento, que na prática já atinge vários municípios de São Paulo, inclusive Marília.
A relatora avalia que Alckmin falhou ao não adotar medidas e investimentos necessários para lidar com a crise. “Uma parte da gravidade poderia não ser previsível, mas a seca, em si, era. Tinha de ter combatido as perdas de água. É inconcebível que estejam quase em 40%”, afirma a relatora.
MARÍLIA
“Estamos investindo quase R$10 milhões em poços, reservatórios e adutoras. Estamos fazendo a lição de casa”, diz o prefeito Camarinha em relação a situação da água em Marília.
Apesar disso, a população (principalmente da zona leste) reclama muito do sistema de abastecimento. A água da região do Aeroporto só chega entre as 14h e 18h. Assim, os moradores fazem o esquema de armazenar a água em baldes, vasilhas e usam o famoso ‘banho de canequinha’. Em algumas casas, a pressão não é suficiente parar chegar nas caixas d’água, fazendo com que os moradores encham piscinas de plástico para poder utilizar a água mais tarde.
A represa Cascata (que abastece parte dessa região) parou de operar devido a seca e precisa de no mínimo 60 milímetros de chuva. Segundo o Daem, o problema deve ser resolvido no meio de setembro, quando deve entrar em funcionamento o poço profundo perfurado ao lado da represa. Em situação de emergência, a água do poço será jogada diretamente na represa até que esteja pronta uma rede que vai interligar o poço até a adutora.
Enquanto isso, a região Leste está sendo abastecida por meio de remanejamento de redes, com água excedente de outros reservatórios e sistemas de captação.