Vinicius anuncia auditoria externa para investigar dívida bilionária
A Prefeitura de Marília deve passar por uma auditoria externa e independente para investigar os atos administrativos praticados nos últimos oito anos, período em que Daniel Alonso (PL) esteve à frente do Executivo municipal. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (2) pelo prefeito Vinicius Camarinha (PSDB) durante entrevista coletiva. A iniciativa busca esclarecer como a dívida do município alcançou aproximadamente R$ 1,3 bilhão.
O novo prefeito classificou a situação financeira da cidade como alarmante e afirmou que o cenário inicial é ainda mais preocupante do que o esperado. Por isso, determinou a realização imediata da auditoria.
“Nós, marilienses, queremos saber para onde foi esse recurso e como ele foi utilizado. Vou prestar essa satisfação para toda a população e responsabilizar quem criou esse caos no nosso município”, declarou Vinicius.
Embora não tenha especificado os prazos ou o processo para a contratação da empresa responsável pela auditoria, o prefeito garantiu que os trabalhos devem começar em breve.
No ano passado, o Marília Notícia publicou detalhes sobre a dívida municipal. No início do mandato de Daniel Alonso, em 2017, o montante era de R$ 162,2 milhões. Desde então, houve um aumento de 706%, segundo dados do Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios (Sadipem), vinculado à Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
SEM CAIXA
Na mesma coletiva de imprensa, Vinicius afirmou que a Prefeitura de Marília não possui recursos suficientes em caixa para o pagamento dos salários de servidores públicos municipais, incluindo ativos, aposentados e pensionistas.
Segundo Vinicius, a conta corrente do município tem disponível apenas R$ 3,1 milhões, enquanto seriam necessários cerca de R$ 49,5 milhões para quitar a folha de dezembro — R$ 34 milhões destinados aos servidores ativos e R$ 13 milhões aos inativos.
Além disso, aproximadamente R$ 2 milhões são necessários para pagar os funcionários da Agência Municipal de Água e Esgoto de Marília (Amae), provenientes do extinto Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem).
“A gestão anterior não nos deixou recursos. A situação é crítica, catastrófica. Tomaremos todas as medidas possíveis para priorizar o pagamento dos servidores”, afirmou Vinicius, sem garantir que os depósitos serão feitos até o quinto dia útil, na próxima quarta-feira (8).
Questionado pelo Marília Notícia sobre a possibilidade de cobrir os pagamentos com repasses do Governo Federal no início do ano, o prefeito disse contar com esses recursos, mas destacou não ter previsão exata de quanto será recebido nos próximos dias.
Em resposta ao Marília Notícia, o ex-prefeito Daniel Alonso (PL) afirmou ter enfrentado uma situação ainda mais grave ao assumir o cargo em 2017, quando substituiu seu rival. Segundo ele, os salários foram quitados já com as transferências do mês. “Deixei R$ 70 milhões em caixa desta vez”, declarou Alonso. Ele também garantiu que todos os compromissos até 31 de dezembro foram honrados e disse não haver justificativa para que a nova administração não pague a folha de dezembro.
O ex-prefeito atribuiu os problemas financeiros à falta de planejamento da nova gestão. Alonso ressaltou que, durante seus oito anos de mandato, aumentou a arrecadação sem elevar impostos e regularizou os salários atrasados deixados pela gestão anterior, liderada por Vinicius.
Camarinha, por sua vez, rebateu as declarações de Daniel, classificando como “fake news” as informações sobre saldo de R$ 70 milhões. O atual prefeito argumentou que os valores apresentados por Daniel incluem recursos comprometidos e vinculados, que não podem ser usados para folha de pagamento.