Vânia Ramos rompe barreira em legislatura que terá duas vereadoras
Vânia Ramos dos Santos (Republicanos), de 37 anos, já quebrou uma escrita em Marília. Ela foi a mais votada em uma eleição que elegeu duas mulheres para a Câmara Municipal. O resultado veio na segunda candidatura ao cargo. Em 2016 ela teve 1.808 votos; agora, 2.032.
Evangélica, ela é formada em gestão pública – curso que terminou recentemente. Vânia está no serviço público desde 2013, sempre como servidora comissionada na Saúde. Antes, foi funcionária de escolas particulares, em serviços de apoio e atenção às crianças.
“Trabalhamos muito para esse resultado. Estou muito feliz e agradecida. O povo confiou em nossa caminhada nesses 45 dias. Nesse período, colocamos as nossas propostas e as pessoas confiaram”, comemorou a vereadora eleita.
Ela venceu com o voto evangélico, mais especificamente pela força da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que tem cinco templos em Marília. Diferente dos protestantes tradicionais, os neopentecostais têm mais unidade na hora do voto.
Entretanto Vânia acredita que tenha recebido votos entre servidores da Saúde e conquistado eleitores nas visitas que fez aos bairros, acompanhada do ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos) e da companheira dele, Fabiana.
“Eles (casal Camarinha) foram muito importantes para mim. Tenho realmente uma gratidão muito grande. Especialmente a Fabiana, que andou muito comigo, pelos quatro cantos da cidade. Foi um companheirismo muito grande, que agradeço”, disse a vereadora eleita.
Bandeiras
Vânia afirma que vai representar as mulheres, mas admite que duas cadeiras ainda é pouco. “Já ouviu o ditado que diz que ‘mulher não vota em mulher’? Então, Marília começou a mudar. Ainda temos que avançar muito, para aumentar a representação”, afirma.
Ela diz que deseja trabalhar também pelo social e saúde. A republicana conta que sempre teve vínculos com ações sociais e destaca o projeto Amor de Criança, que atende crianças com paralisia cerebral.
Como vereadora, afirma que também atuará pela melhoria da saúde. Até se afastar do cargo para as alianças de pré-campanha, ela trabalhava no setor da Secretaria que controla e distribui vagas para cirurgias e exames.
“A fila está maior em ortopedia, oftalmologia, para alguns exames. Acredito que precisamos voltar a fazer mutirões na cidade”, opinou.
Questionada se poderia ajudar como vereadora, Vânia acenou com a possibilidade de articulação. “Podemos ajudar buscando recursos, porque temos contatos com deputados, temos o deputado federal Vinícius Carvalho, temos também estaduais. Vamos ajudar a população”, disse.
Política
Embora em primeiro mandato, não dá para dizer que Vânia Ramos é novata na política. Desde 2013, quando Vinícius Camarinha (PSB) foi eleito, ela foi nomeada em cargo comissionado na Saúde.
Em 2016, após sua expressiva votação – ficou suplente – acabou se mantendo no governo Daniel Alonso (PSDB) por influência do seu partido. Na época, o vereador José Carlos Albuquerque, eleito pela coligação de Vinicius no mesmo partido de Vânia, aliou-se a Daniel.
Cautelosa e distante de polêmicas, ela era vista com alguma desconfiança pelos comissionados de Alonso, mas como servidora, sobreviveu com discrição durante mais de três anos.
Vânia só deixou o cargo durante a pré-campanha, regressando ao antigo “ninho político”, no qual foi recebida de braços abertos. A candidata foi uma das pessoas que discursou na convenção que oficializou Abelardo Camarinha (Podemos) na disputa, em setembro.
Na campanha, Vânia reforçou a fidelização do seu eleitorado potencial e se ateve a temas como “família”, “solidariedade” e “saúde”. Apesar de caminhar com os Camarinhas, a candidata não gastou energia com grandes embates da frente majoritária e conquistou sua vaga na Câmara.
Realinhamento
A vitória de Daniel Alonso e a necessidade de um posicionamento, entre governistas e vereadores da oposição, ainda não é assunto confortável para Vânia Ramos.
Ela desconversa sobre a nova configuração do Legislativo e garante que vai cumprir seu papel, honrando os votos. “Fomos eleitos para trabalhar pela população. Vamos ajudar a cidade”, esquiva.
Nos bastidores, porém, é notório que o Republicanos, partido da vereadora, tem tendência a ser governo, independente de quem está no comando.
Na esfera nacional, o partido já apoiou Lula e Dilma (depois, votou pelo impeachment), aliou-se a Temer e agora apoia Jair Bolsonaro, sem partido.
“Nosso compromisso é com a população. Prefiro não responder sobre isso agora. Quero agradecer meus amigos, meus familiares e todas as pessoas que confiaram em nosso trabalho. Vamos honrar cada voto”, garante.