Vacinas contra meningite e catapora estão em falta em Marília
A rede pública de Marília está sendo afetada pela falta das vacinas meningocócica C (conjugada) e contra varicela – ou catapora. Em ambos os casos a cobertura vacinal na cidade preocupa e não existem doses nos estoques no município.
Pais que precisam vacinar seus filhos estão tendo dificuldade inclusive para encontrar doses na região, ao menos no caso da imunização contra meningite.
Outras cidades como Lins e Jaú também estariam com o mesmo problema no caso da meningocócica C.
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) mostram que até agosto foram aplicadas 5.158 doses da meningocócica C em Marília. Em 2017 foram 9.782 no ano todo.
A informação oficial é de que a cobertura é de 81,66%. Ou seja, quase 20% das crianças que precisam da vacina, ainda não receberam a dose. O preconizado pelo Ministério da Saúde é uma cobertura de pelo menos 95%.
Em 2017 Marília registrou 50 confirmações de meningite, doença de notificação obrigatória. Desde 2016, período com dados disponíveis, foram 717 casos. Em 2018 até julho foram pelo menos 14 internações envolvendo meningite.
No caso da vacina contra a varicela, se aplica a tetra viral – que também imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura é de apenas 57,52% com 994 doses aplicadas entre janeiro e agosto, de acordo com o DataSUS.
De acordo com o órgão federal, no primeiro semestre deste ano 19 pessoas já foram internadas por doenças que podem ser prevenidas pela tetra viral. Em todo o ano passado foram 31 casos e no anterior 36.
As vacinas fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação e não há prazo para regularização da situação de desabastecimento local.
A meningocócica C doses é aplicada aos três e aos cinco meses de idade e é feito reforço aos 12 meses.
As crianças que aos 12 meses não receberam o reforço, podem tomar a segunda dose até os 4 anos de idade. Entre 12 e 13 anos é disponibilizada um dose única, que vale como reforço.
No caso da vacina contra a varicela, se aplica a tetra viral aos 15 meses e existe a previsão de uma dose aos quatro anos.
Município
“A Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde informa que duas vacinas (Meningocócica C e Varicela) não estão sendo distribuídos ao município. A informação é que o desabastecimento seria nacional”, diz nota enviada ao Marília Notícia pelo município.
“Para minimizar os transtornos aos usuários, a sala de vacina realiza remanejamento de vacinas, conforme a demanda”, completa o texto.
Estado
A Secretaria de Estado da Saúde informou que a diretriz do SUS define que a aquisição e distribuição de vacinas é de responsabilidade do Ministério da Saúde. “O Estado apenas redistribui aos municípios”.
Sobre a vacina meningocócica C, “neste ano, até o momento, foram solicitadas pela pasta ao Ministério, 2,2 milhão de doses da vacina meningocócica C. Porém, foram enviadas 1,2 milhões, o que representa 54% do total”.
“O órgão federal tem enviado doses em quantidades inferiores às solicitadas da vacina meningocócica C, para meningite, resultando na necessidade de redistribuição parcial em âmbito estadual. À medida que novos quantitativos sejam enviados pelo Ministério, outras doses poderão ser disponibilizadas ao município”, disse nota do Estado.
A vacina contra Varicela estaria com abastecimento normalizado no Estado, de acordo com a nota.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde afirmou ao MN que “após atrasos na entrega pelo laboratório produtor, a Fundação Ezequiel Dias (FUNED), a distribuição da meningocócica C está sendo normalizada”.
De janeiro a setembro deste ano, a distribuição para todo o país totaliza 6,3 milhões de doses dessa vacina, sendo 1,2 milhão de doses para o estado de São Paulo, de acordo com a nota enviada como resposta ao questionamento.
“É importante ressaltar que o Ministério da Saúde, por meio Central de Armazenagem e Distribuição de Insumos Estratégicos (Cenadi), envia mensalmente doses de vacinas aos estados, que são responsáveis pela distribuição aos municípios, de acordo com as necessidades locais. Por fim, os municípios são responsáveis pelo abastecimento das salas de vacinação”.
Para municípios que estão com estoque reduzido, o Ministério da Saúde orienta a realização do agendamento da vacinação, de acordo com a disponibilidade das doses.
O Ministério da Saúde realizou uma consulta à Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) sobre a possibilidade de adquirir esta vacina de um produtor internacional.
No entanto, “foi informado pela OPAS que não há outro laboratório com capacidade de produção para atender a demanda do Brasil”.
Sobre a vacina varicela, a informação do governo federal é de que “tem sido distribuída regularmente a todas as Unidades Federadas em 2018, totalizando até o momento 5,3 milhões de doses para todo o país, sendo 1,1 milhão de doses para o estado de São Paulo”.
“Como não há nenhum registro de desabastecimento da referida vacina, qualquer demanda por parte dos municípios é de responsabilidade de suas respectivas Secretarias Estaduais da Saúde”.