‘Vacina é uma questão coletiva, não é individual’, diz Mourão
Em seu primeiro dia de trabalho do ano, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira, 11, que os esforços de imunização contra a covid-19 são uma questão “coletiva” e não individual. Recuperado da doença, Mourão reforçou que tomará o imunizante de acordo com o grupo prioritário em que se encaixa e “sem furar fila”.
“Eu acho que a vacina, ela é para o País como um todo, é uma questão coletiva, não é individual. O indivíduo aqui está subordinado ao coletivo nesse caso”, disse em conversa com jornalistas nesta manhã. A fala vai na direção oposta de declarações do presidente Jair Bolsonaro, que tem minimizado os esforços internacionais de imunização e colocado em dúvida a eficácia das vacinas.
Na semana passada, o chefe do Executivo afirmou que “menos da metade” da população brasileira tomaria a vacina, segundo pesquisas dele próprio feitas em suas aparições públicas “na praia, na rua”. O presidente também já negou que tomará a vacina com o argumento de que já teve a doença. Ao contrário de Bolsonaro, Mourão manteve a posição favorável ao imunizante mesmo agora depois de testado positivo para a covid-19 no fim do ano.
“(Tomarei a vacina) dentro da minha vez. Eu sou grupo 2, de acordo com o planejamento (do governo). Não vou furar a fila, a não ser que seja propagandística”, declarou. O plano nacional prevê uma primeira etapa de vacinação de grupos prioritários, que somam 49,6 milhões de pessoas, como profissionais de saúde e idosos. Pela idade, Mourão, que tem 67 anos, se encaixa na fase dois do plano.
Insumos
Mourão comentou ainda sobre os estoques de seringas e agulhas, alvo de polêmica na semana passada. “Os Estados têm material para iniciar a imunização e o governo federal pode fazer a requisição de seringa e agulha e complementar aquilo que for necessário”, disse o vice.
Na última sexta-feira, dia 8, após uma tentativa fracassada de compra, a Saúde informou à indústria nacional que a requisição administrativa dos estoques dos itens não atinge produtos que já estavam negociados com Estados, municípios e o Distrito Federal. O recuo da pasta ocorreu após o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), impedir que a requisição travasse as agulhas e seringas compradas pelo governo de São Paulo.
Nesta segunda-feira, o vice-presidente também elogiou a atuação de profissionais de saúde no combate ao novo coronavírus. Ele lamentou as mortes pela doença, que já ultrapassam 203 mil, mas destacou que o País conta com mais de 7,5 milhões de brasileiros recuperados. “O que é a realidade é que a nossa medicina está salvando mais de 97% das pessoas que são contaminadas. Infelizmente tem esse número elevado (de mortes)”, finalizou.