Unidades de pronto atendimento tiveram ao menos 19 mortes
Ao menos 19 pacientes infectados pelo coronavírus, que estavam internados provisoriamente nas unidades de pronto atendimento de Marília, morreram sem sequer terem acesso a um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A quantidade real de mortes causadas pela Covid-19 na fila de espera por uma vaga na UTI, no entanto, pode ser muito maior. Essa importante informação, porém, ainda não é pública.
Apesar do questionamento feito pelo Marília Notícia, a Prefeitura informou que ainda não tem dados consolidados sobre a questão.
Nos últimos dias o Governo do Estado, que possui um controle maior destes números, se recusou a informar ao portal a quantidade de pacientes na fila de espera.
O município também não informa em seu boletim epidemiológico, especificamente, se as vítimas da pandemia anunciadas diariamente estavam ou não aguardando por vaga na UTI.
Além de alguns dados pessoais sobre os pacientes, consta apenas se eles estavam em um dos hospitais da cidade, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona Norte ou no Pronto Atendimento (PA) da zona Sul.
Colapso
Pacientes com o coronavírus começaram a morrer internados nas unidades de pronto atendimento após a saúde pública de Marília entrar em colapso com lotação máxima dos leitos de UTI Covid-19.
Diante deste cenário, a primeira das 19 mortes contabilizadas pela reportagem no PA e na UPA, foi anunciada no dia 23 de março.
Na última terça-feira (30), das 10 mortes anunciadas na cidade, quatro eram de pacientes que estavam nestas unidades.
Os óbitos de pacientes com Covid-19 no PA ou na UPA representam 17,9% de todos os 106 óbitos anunciados pela Prefeitura em março – o mês mais fatal da pandemia.
Na última quarta-feira (31) o jornal Folha de São Paulo revelou que no Estado de São Paulo já morreram 336 pessoas por Covid-19 na fila de espera por UTI.
Em um caso apurado pela reportagem, a espera por leito chegou a ser de três dias, após o paciente precisar ser intubado na UPA da zona Norte. Ele não resistiu e morreu. Trata-se de Aparecido Barbosa de Farias, de 58 anos.
Até o momento, oito marilienses precisaram ser transferidos para UTIs Covid-19 de outras cidades. Inclusive com espera de vários dias após intubação. O problema é que a ocupação regional chegou a bater 96% nos últimos dias.
É importante destacar que desde o primeiro desses casos, também foram divulgadas duas mortes de pacientes sem especificação sobre o serviço de saúde em que estavam.