‘Uma das coisas que despertou a atenção nas terras foi a altura’, diz neto de Bento de Abreu
Engenheiro de carreira, Oswaldo Passos de Andrade Filho, de 73 anos, é neto do fundador de Marília, Bento de Abreu Sampaio Vidal, o responsável por desbravar as primeiras terras da região.
Oswaldo participou da solenidade de 95 anos de história da Santa Casa de Marília no dia 22 de abril e falou com o Marília Notícia sobre diversos assuntos, entre eles, o avanço da cidade.
O patrimônio da Santa Casa deixado por Bento de Abreu tem a mesma “idade” da cidade. Oswaldo explica o motivo de seu avô ser um homem preocupado com a saúde pública no período da fundação do município.
Entre outras curiosidades, Oswaldo Passos comenta a iminência de Marília alcançar a marca de 300 mil habitantes em aproximadamente 10 anos.
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MN – Como é presenciar a comemoração dos 95 anos de história da Santa Casa de Marília, entidade iniciada pelo seu avô?
OSWALDO – É um momento de muita alegria, pois a Santa Casa é de todos, da população. Hoje, o hospital tomou uma proporção grande, com 1,3 mil funcionários e 300 médicos, e cresceu durante o tempo. São colaboradores que trabalham com garra, se dedicam e vestem a camisa da entidade.
MN – Seu avô foi quem fez a doação do terreno e fundou o hospital?
OSWALDO – Sim, meu avô adquiriu essas terras em 1925, assim que chegou no território. Ele comprou na época do Cincinato Braga, que era um político de São Paulo. Uma das coisas que despertou a atenção dele nestas terras foi a altura, localizadas num plano mais alto da cidade. Havia muito mato e uma colina. Logo, ele pediu para desmatar e construiu uma pequena casinha para abrigar a Santa Casa.
MN – Bento de Abreu sempre se interessou pela área da saúde pública?
OSWALDO – Sim, por causa da mãe dele, que morreu muito cedo em decorrência de problemas de saúde num período da nossa história que não haviam remédios antibióticos e opções de tratamentos médicos. Ele sempre se preocupou com a saúde das pessoas por conta deste trauma da mãe e se dedicou para a fundação da Santa Casa de Marília, dando suporte financeiro também. Bento iniciou esse trabalho filantrópico que perpetua até hoje.
MN – Como é ser neto do fundador de Marília?
OSWALDO – Sinto-me honrado. Fui convidado pela Comissão de Registros Históricos de Marília para participar de projetos sobre nossa história e contribuo também com o Conselho Municipal de Turismo (Comtur). Sou engenheiro e, dentro da minha área de atuação, procuro ajudar no desenvolvimento desta cidade que amo tanto.
MN – Marília caminha para seu centenário e está em pleno crescimento. O que mais te desperta atenção no município atualmente?
OSWALDO – Há vários campos que precisam avançar, mas como engenheiro destaco as interligações de avenidas e bairros que estão sendo executadas no município, mais precisamente nas regiões leste e oeste. A cidade verticalizou bastante e espero que o planejamento urbano seja mais ordenado daqui para frente.
MN – Marília pode passar de 300 mil habitantes daqui 10 anos?
OSWALDO – Acho difícil, mas o mais importante não é crescer apenas no número de pessoas e sim em qualidade. Se tem qualidade, escolas, faculdades, bons profissionais de trabalho e hospitais estruturados, a cidade avança melhor. Não sei se chega a 300 mil habitantes. Por exemplo, na Europa, as cidades fazem um planejamento para não ultrapassarem 500 mil habitantes. Na visão europeia, se a cidade cresce muito, aumenta os problemas de saneamento, de energia e mobilidade urbana. O ideal é ter mais qualidade de vida e não aumento populacional.
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