Um em cada 4 brasileiros não tem acesso à internet
O acesso à internet no Brasil avança, mas revela diferenças sociais importantes. Divulgada nesta terça, 26, a mais recente versão do TIC Domicílios, estudo que mede os hábitos e comportamento de usuários da internet brasileira, mostrou avanço no acesso da população brasileira de quatro pontos percentuais em relação a 2018, chegando 74% (ou 133,8 milhões). Por outro lado, isso significa que ainda um em cada quatro brasileiros não acessa a rede mundial de computadores.
No perfil de acesso, as diferenças por região, gênero e raça são pequenas. Elas são acentuadas por classe social (95% na classe A, 93% na classe B, 78% na classe C e 57% nas classes D e E) e educação (97% entre os com ensino superior, 89% entre os com ensino médio, 60% entre os com ensino fundamental e 16% entre os com educação infantil e analfabetos).
Realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), a pesquisa mostra ainda que 58% dos internautas brasileiros se conectam exclusivamente pelo telefone celular – em 2014, 80% dos usuários usavam computadores para se conectar, mas esse índice caiu para 42%. Mais gritante: 85% dos usuários das classes D e E se conectam exclusivamente pelo aparelho móvel.
A taxa de usuários que usam exclusivamente o celular é um indicativo importante, pois nem sempre os aparelhos permitem a realização de atividades mais sofisticadas.
Apenas 33% dos internautas realizaram atividades de trabalho na internet e 40% estudou por conta própria pela internet. Quando o recorte é por classe, a diferença é gritante: 66% de membros da classe A realizaram atividades de trabalho pela internet, enquanto esse número cai para 18% nas classes D e E. O mesmo vale para estudos: 60% para a classe A e 27% para D e E. Enquanto isso, 92% dos internautas brasileiros enviou mensagens por aplicativos como o WhatsApp.
“Com o isolamento social, milhões de brasileiros passaram a depender ainda mais da internet para realizar atividades de trabalho remoto, ensino à distância e até mesmo para acessar o auxílio emergencial do governo. Mas a falta de acesso à internet e o uso exclusivamente por celular, especialmente nas classes DE, evidenciam as desigualdades digitais presentes no país”, diz Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.