Última etapa da obra do esgoto é inaugurada em Marília
Com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, a terceira e última etapa das obras de tratamento de esgoto de Marília foi inaugurada nesta sexta-feira (11) com a entrega da estação da bacia do Palmital.
Junto com as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) do Pombo e do Barbosa, a capacidade total do sistema é de limpar 1,1 mil litros por segundo.
Quando o prefeito Daniel Alonso (PSDB) assumiu a administração municipal, em 2017, o esgoto produzido em Marília era 100% lançado in natura nos rios e córregos da região, ou seja, sem tratamento.
Do Rio do Peixe, por exemplo, sai 60% da água consumida na cidade e o processo para torná-la potável agora deve ser mais barato.
Segundo o chefe do Executivo, trata-se de um grande avanço para a saúde, para o meio ambiente e geração de empregos com o desenvolvimento da cidade. De acordo com ele, algumas indústrias tinham dificuldade para exportar a certos países devido à falta de certificações ambientais do município.
“Esta obra é um divisor de águas para Marília. Resolvemos o maior problema ambiental local e de 92 municípios da região. Só temos a agradecer todo o empenho do Governo Federal, que não mediu esforços para que pudéssemos concluir essa obra”, afirmou Daniel.
O recurso utilizado para a conclusão da ‘obra do século’ é oriundo da União e o ministro Rogério Marinho anunciou a liberação de mais R$ 19 milhões para Marília, a serem empregados para quitar a ETE Palmital e realizar as interligações dos sistemas.
“Marília hoje dá um passo gigantesco e esperamos que essa obra seja uma inspiração para outras cidades. Nossa prioridade, no Governo Federal, são as obras de saneamento básico”, afirmou o ministro.
Segundo o sócio-diretor da Replan Saneamento e Obras, Reinaldo Pavarini, responsável pela construção das três ETEs, agora começa “um trabalho de formiguinha”, que envolve interligações das redes até as estações e o combate ao esgoto clandestino.
“As estações para tratamento de esgoto estão prontas e entregues. Como cidadão eu me sinto lisonjeado, tivemos a grata satisfação de concluir as obras”, comentou Reinaldo, muito elogiado por todos os presentes.
Contrato
Segundo o contrato assinado no final de 2019, o valor pela construção da ETE Palmital é de R$ 40,9 milhões e agora começa o prazo de pré-operação – mas o esgoto já passa a ser tratado. Recentemente houve um aditivo, aumentando o valor em mais R$ 3,6 milhões.
A estação da bacia do Palmital fica próxima ao distrito de Dirceu e deve atender cerca de 109 mil marilienses das zonas Leste e Norte. Serão tratados 487 litros de esgoto por segundo ali. É o equivalente a cerca de 30% do que é produzido na cidade.
São duas grandes lagoas de aeração, medindo cada uma 133 metros de comprimento por 77,4 metros de largura e profundidade de cinco metros. Existem outras quatro lagoas de decantação, com 133 metros de comprimento por sete metros de largura.
O funcionamento da ETE é dividido em sete etapas: gradeamento, desarenação, geração de ar difuso, lagoas de aeração, lagoas de decantação, leito de secagem e devolução do esgoto tratado ao meio ambiente.
No total, durante a atual gestão estão sendo investidos aproximadamente R$ 83,4 milhões nas ETEs – sendo R$ 38,8 milhões para as bacias do Pombo e Barbosa, segundo contrato e aditivos, que processam, respectivamente, 416 e 209 litros de esgoto por segundo.
As três estações contam com 430 mil metros de construção – equivalente a 80 estádios de futebol – e um sistema de tratamento de última geração importado da Alemanha, país referência em tecnologia voltada para meio ambiente.
A administração também acaba de conquistar mais R$ 1,5 milhão do Comitê de Bacias do Aguapeí-Peixe, em parceria com o Departamento de Águas do Estado de São Paulo (Daee), a serem aplicados na busca de emissários clandestinos e redes coletoras.
O objetivo é prosseguir com a interligação das redes coletoras, deixando todo o sistema em operação e funcionamento em sua totalidade. Outra meta é retirar de todos os pontos de rios, córregos e afluentes qualquer lançamento de emissário clandestino de esgoto no município.
Histórico
De acordo com a administração municipal, desde o início da década de 90 a população de Marília assistiu a um verdadeiro jogo de interesses políticos, que colocou de lado o mais importante: o desenvolvimento da cidade e a melhoria da qualidade de vida de toda a comunidade.
Mesmo com intervenções da Justiça, ao longo de quase 30 anos os sucessivos prefeitos não conseguiram resolver o problema ambiental da cidade até agora.
“Ao contrário, o que se viu foi o engavetamento do projeto por mais de uma década, entre 1995 e 2007”, afirma o atual governo.
Em 2008, uma licitação previu a conclusão da obra para 2015, o que não aconteceu e fez com que o Ministério Público Federal (MPF) passasse a investigar destinação dos recursos, R$ 55 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A situação ficou ainda mais complicada com abertura de nova licitação em 2013, a um custo de R$ 108,9 milhões, com a construtora OAS, envolvida na Lava Jato e com delações indicando propina em Marília.
Em 2015, as obras foram paralisadas devido à falta de pagamento, acumulando um prejuízo de R$ 38 milhões aos cofres públicos.
No mesmo ano, a Prefeitura anunciou a retomada da obra, porém, com um aumento no contrato que passou de R$ 108,9 milhões para R$ 137 milhões.
A queda de braço entre a Prefeitura, bancos públicos, Justiça, entidades da sociedade civil e a população não alterou o cronograma e as obras das ETEs foram completamente abandonadas até o final de 2016, sendo retomadas apenas no atual governo.