Tucanos da região veem opção de Alckmin por Lula ‘superar história’
Aliança do ex-governador Geraldo Alckmin, ex-filiado ao PSDB, em migração para o PSB – legenda aliada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – foi lamentada por parte dos tucanos e antigos correligionários de Marília e região. Líderes destacaram “decisão pessoal”, acima do programa que o próprio ex-governador ajudou a escrever.
O coordenador regional do PSDB na região de Marília, o médico Roberto Borges, conhecido como Tareco, afirmou ser preciso “respeitar a história de Geraldo Alckmin, como um político de grande porte”, mas manifestou dificuldade em entender a mudança.
“Não se sabe como ele vai tocar sua vida político-partidária. Pelo que estamos acompanhando, o PT não está feliz com ele. Quem está bancando o Geraldo é o Lula”, alertou.
O ex-correligionário – também médico – tem proximidade com Alckmin desde a época da militância estudantil acadêmica. A aliança com o PSB é apenas o capítulo mais recente de uma série de afastamentos de posições, que o amigo antes defendia.
“Eu estava com ele em 1988, quando ele defendeu a realização de prévias para definir candidatura. Agora, tivemos a nossas prévias [com Dória] e o Geraldo não participou. Ele teve suas razões, como se sabe, mas muita gente [dentro do partido] ficou chateada”, disse.
Bem mais em cima do muro, quem também se manifestou ao Marília Notícia, foi o ex-prefeito de Vera Cruz, Rodolfo Devito (PSDB).
“O diálogo é o combustível da política, dizia o eterno deputado Ulisses Guimarães. Por isso toda conversa sobre o Brasil para buscar diminuir as distâncias sociais e gerar desenvolvimento sustentável com bases programáticas é interessante”, disse o cacique local.
Devito considerou “saudável e democrático” o diálogo entre líderes como Alckmin e Lula, diferente da Secretária Municipal de Desenvolvimento Social de Marília, Wania Lombardi.
“Como tucana, lamento. Alckmin é uma grande liderança, fundador do partido e infelizmente teve uma atitude mais pessoal. Poderia ir pro senado continuar na Social Democracia (PSDB). Quanto ao cenário local, é uma via de mão dupla. Nunca tivemos tantos investimentos como agora no governo Doria”, defendeu.
O nome do pré-candidato tucano também foi lembrado pelo presidente do ninho em Marília, Matheus Panssonato. “O PSDB tem pré-candidato a presidência e ao governo do Estado. Muitas coisas vão acontecer esse mês. Daqui há 30 dias será melhor para responder”, esquivou-se.
Quem também quer distância da polêmica filiação à vista foi o PSB de Marília, leia-se, grupo Camarinha. O site do partido, desatualizado, ainda indica como presidente na cidade o ex-deputado Abelardo Camarinha, que é filiado ao Podemos (de Sérgio Moro) desde o ano passado.
Expoente do partido em âmbito regional e líder político de relevância estadual, Vinicius Camarinha ocupa cadeira na Assembleia Legislativa pelo partido de Márcio França, com quem tem acenado se identificar cada vez menos.
O deputado mariliense é líder do governo João Doria na Assembleia e tem forte ligação com Rodrigo Garcia (PSDB), futuro governador em “mandato tampão” e pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
O MN questionou o diretório local do PSB sobre a chegada de Alckmin, mas não obteve retorno, até o fechamento desta edição.