Transtorno do Espectro Autista ganha destaque em ação comunitária integrada em Marília
O transtorno do espectro autista (TEA), um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico nas manifestações comportamentais muitas das vezes com déficits na comunicação e na interação social, ganhou destaque na Primeira Ação Comunitária Integrada realizada pela Prefeitura de Marília, através das Secretarias Municipais de Assistência Social e Saúde.
O evento aconteceu no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Teotônio Vilela que contou com o apoio das equipes do Programa Municipal de Saúde Mental, Secretaria Direitos Humanos, do Centro Judiciário de Solução de Conflito e Cidadania (Cejusc), da Unidade de Saúde da Família (USF) Parque dos Ipês, e do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infantil, além dos profissionais da Multi (saúde – educador físico).
O secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Clóvis de Mello, e o secretário municipal da Saúde, Osvaldo Ferioli Pereira, marcaram presença nesta ação que ofereceu orientações sobre programas socioassistenciais e Benefício de Prestação Continuada (BPC), orientações referentes à proteção dos direitos com a participação do Núcleo PCD (pessoa com deficiência) de Direitos Humanos; a todos os participantes, além de orientações jurídicas e atendimentos individuais relacionados à alienação parental, pensão alimentícia, reconhecimento de união estável, regulamentação de guardas e visitas, direitos da pessoa com deficiência pelo Cejusc; atividades recreativas com as crianças com TEA e alongamento para adultos com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família.
Para evidenciar os trabalhos desenvolvidos pelos adolescentes Luyan Taylor Minoru Machado, de 11 anos, maquete de empresa conhecida no município e vasos de suculentas produzidos pelo jovem e Sofia Laurentino Vergalim, de 14 anos, foram expostos ao público, assim como os diversos desenhos que decoram as paredes do Cras Teotônio Vilela.
Fernanda de Barros Ribeiro Calógero de Araújo, organizadora do evento e encarregada do Cras Teotônio, junto com Camila de Andrade Alcade, Supervisora do Programa de Saúde Mental de Marília, ressaltaram a importância de debater e oferecer infraestrutura para acolher as pessoas que convivem com o TEA. “Vamos continuar nos empenhando para que essas ações sejam permanentes e que possam fazer a diferença na vida das famílias que terão acesso à informação, com direito a um atendimento acolhedor, respeitoso, qualificado, estimulador e, acima de tudo, inclusivo”, destacou Camila de Andrade.
O secretário municipal da Saúde, Osvaldo Ferioli Pereira, informou que esse primeiro encontro integrado foi um sucesso de público. “Importante porque todos os presentes receberam informações e orientações sobre a defesa de direitos das crianças que vivem com TEA e a importância do envolvimento delas com o público da terceira idade que na ocasião passaram por consultas e orientações médicas”, disse o secretário.
PARA UMA SOCIEDADE INCLUSIVA
O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Clóvis de Mello, afirmou que o objetivo desta ação integrada, dentre outros atendimentos sociais, “é construir uma sociedade inclusiva e com base na cultura do respeito, promovendo mais compreensão e atenção para as pessoas que vivem com o espectro do autismo, considerando que cada pessoa autista tem suas diferenças, necessidades e habilidades e é importante considerar essa diversidade. Reunir todos esses profissionais demonstra a preocupação da gestão em contribuir para alcançar este propósito”.
ACESSO À INFORMAÇÃO
Para o prefeito de Marília, Daniel Alonso (PL), o acesso à informação e aos atendimentos públicos é fundamental para a qualidade de vida e a saúde física e emocional das crianças, adultos e idosos que convivem com o transtorno do espectro autista. “Avançar nessa demanda é fundamental, uma vez que a prevalência é alta, e quanto mais cedo se tem acesso à informação, maiores as chances de desenvolvimento. A integração, a intersetorialidade, a união das pastas e de outros órgãos demonstra que temos uma equipe coesa e que estamos no caminho certo”, concluiu.
SAIBA MAIS SOBRE O TEA
O TEA – Transtorno do Espectro Autista – é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, que podem englobar alterações qualitativas e quantitativas da comunicação, seja na linguagem verbal ou não verbal, na interação social e do comportamento, como: ações repetitivas, hiperfoco para objetos específicos e restrição de interesses.
Dentro do espectro são identificados graus que podem ser leves e com total independência, apresentando discretas dificuldades de adaptação, até níveis de dependência para atividades cotidianas ao longo de toda a vida.
SINAIS MAIS COMUNS
– Apresentar atraso anormal na fala;
– não responder quando for chamado e demonstrar desinteresse com as pessoas e objetos ao redor;
– ter dificuldades em participar de atividades e brincadeiras em grupo, preferindo sempre fazer tarefas sozinho;
– não conseguir interpretar gestos e expressões faciais;
– ter dificuldade para combinar palavras em frases ou repetir a mesma frase ou palavra com frequência;
– apresentar falta de filtro social (sinceridade excessiva);
– sentir incômodo diante de ambientes e situações sociais;
– ter seletividade em relação a cheiro, sabor e textura de alimentos;
– apresentar movimentos repetitivos e incomuns, como balançar o corpo para frente e para trás, bater as mãos, coçar algumas partes do corpo (como ouvidos, olhos e nariz), girar em torno de si, pular de forma repentina, reorganizar objetos em fileiras ou em cores;
– mostrar interesse obsessivo por assuntos considerados incomuns ou excêntricos, como biologia, paleontologia, tecnologia, datas, números, entre outros;
– ter problemas gastrointestinais ocasionados por quadros de ansiedade.
Além disso, alguns autistas podem manifestar acessos de raiva, hiperatividade, passividade, déficit de atenção, dificuldades para lidar com ruídos, falta de empatia diante determinadas situações e aumento ou redução na resposta à dor e a temperaturas.
TRATAMENTO
O TEA ainda não tem cura e cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado que exige a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe de diferentes profissionais, como médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos, de forma a incentivar o indivíduo a realizar sozinho tarefas cotidianas, desenvolver formas de se comunicar socialmente e de ter maior estabilidade emocional.