Texto do dia: ‘Eu já vi o Brasil ser campeão! Joga pra mim!’
Por Heloísa Palácio
Sim, eu já vi o Brasil o ser campeão! E posso dizer que especialmente para mim e para as pessoas da minha cidade, Oriente/SP, o penta teve um gosto muito especial, meus olhos se enchem de água ao lembrar, ainda mais hoje, com o Brasil rumo a final da nossa copa, a que acontece em casa.
Oriente é um município do estado de São Paulo localizado há aproximadamente 12km de Marília. A cidade é pacata, tem cerca de 5000 habitantes que precisam se deslocar para cidades vizinhas para trabalhar, estudar, comprar, enfim, e é lá que minha família tem suas origens. Eu particularmente posso dizer que é para mim uma cidade dormitório, mas onde mantenho residência, encontro paisagens lindas para correr, fotografar para o Purple (risos) e passar meus finais de semana tranquila ao lado da minha família.
Muitas pessoas já se destacaram profissionalmente na nossa cidade, como todo mundo conhece todo mundo aqui, nós sempre ouvimos falar de alguém, mesmo que não tenhamos visto pessoalmente. Todo mundo conhece a Helô Palácio desde criancinha, por ser a filha da professora Bel e do Helder (que tinha uma loja com meu nome :o). A questão é que para se destacar aqui, as pessoas precisam buscar fora, e nós nos orgulhamos por cada uma delas, especialmente por uma que você também conhece, que também já te orgulhou um dia: o NOSSO grande goleiro Marcos.
Eu era criança quando ganhamos o penta, mas eu via ele lá, aquele que vai e vem encontrávamos pelas ruas da nossa cidade brincando e tirando o sarro de todo mundo. Ele era gigante naquele gol, representava não apenas a nossa cidade, nossos 5 mil habitantes, mas representava a paixão de todo o nosso país pelo futebol e o nosso sonho do Penta.
As pessoas chamam jogadores de heróis e outras os condenam por isso. Para mim, heróis são pessoas dignas, que fazem o bem e não precisam ter capa, ter rótulo, nem que ninguém saiba quem são. Heróis fazem alguém feliz por um instante, lutam por alguma coisa, se arriscam por essa coisa, se emocionam por amor em fazer. Assim como um médico, um bombeiro, uma enfermeira, um policial, um administrador, um catador de lixo, ou qualquer pessoa que devolve ao dono o que não lhe pertence. Já vi jogador de futebol chorando por não receber salário há meses e não querer abandonar o sonho de conquistar um título com seu clube, já vi se machucarem, jogarem com dor para dar a uma torcida motivos para voltar a acreditar.
Eu amo futebol. Moro ao lado do estádio da cidade, cresci lá dentro ao lado do meu pai assistindo os jogos municipais. Eu me arrepio com a força do esporte, a capacidade dele de reunir pessoas.
Hoje, que o Brasil entra em campo sem nossa estrela, o Neymar, e podendo se classificar para a final, impossível não estar emocionada desde a hora que acordei. Impossível não me lembrar da minha cidade tomada por pessoas de todos os lugares, todas as ruas cobertas de gente, esperando nosso São Marcos chegar da copa, trazendo o penta nas mãos.
A imagem dele naquele caminhão, procurando as pessoas na multidão, as chamando pelo nome como fez com meu pai, fez sim Oriente se emocionar. Foi umas das cenas mais bonitas que vivi na minha vida. Dificilmente minha cidade vai ver isso novamente, mas meus filhos e netos vão me ouvir contar com essa mesma emoção que estou contando para vocês agora.
Sobre hoje, eu acredito muito que essa copa é nossa. Confio demais no trabalho do Felipão, e acredito que sem uma estrela maior, todas as nossas estrelas hoje vão brilhar em forma de constelação, de equipe, como sempre deve ser.
Um beijo, bom jogo, e mais uma vez Brasil #JogaPraMim.
Heloísa Palácio, orientense, é inventadeira por prazer e profissão. Co-fundadora do itkrow.com e blogueira no Purple New Black.