Tesla corta preços em meio a queda na demanda e concorrência chinesa
Tesla corta preços em meio a queda na demanda e concorrência chinesa, como startups atuam para remover carbono da atmosfera e outros destaques do mercado nesta terça-feira (23).
TESLA CORTA PREÇOS MAIS UMA VEZ
Diante da queda da demanda do consumidor e da forte concorrência chinesa, a Tesla resolveu mais uma vez cortar os preços de seus modelos mais vendidos.
A montadora chefiada por Elon Musk repete estratégia que adotou na primeira metade do ano passado, quando conseguiu reaquecer o apetite dos clientes, mas viu suas margens de lucro diminuírem.
EM NÚMEROS
- Nos EUA, a companhia reduziu os preços dos modelos X, Y e S em US$ 2.000 (R$ 10,4 mil) cada um.
- Também cortou o custo do seu modelo de direção assistida de US$ 12.000 para US$ 8.000, além de ter reduzido a mensalidade de US$ 199 para US$ 99.
- Na China, o Model 3, carro-chefe da companhia, teve uma redução de 14.000 ienes (US$ 1.930 ou R$ 10 mil), para 231.900 ienes (US$ 32.000 ou R$ 166,5 mil).
- Houve também descontos em países na Europa, Oriente Médio e África, disse um porta-voz da Tesla à imprensa americana.
O QUE EXPLICA
A montadora tem sofrido com o freio na procura de consumidores.
↳ Ela reportou uma queda de 8% nas vendas de carros nos primeiros três meses do ano em comparação com o mesmo período de 2023. Foi o primeiro recuo em quatro anos.
Além de rebaixar os preços, a companhia também decidiu demitir 10% de seus trabalhadores para tentar segurar a margem de suas operações.
As projeções apontam que a margem bruta da companhia deve ter fechado o primeiro trimestre no patamar mais baixo desde 2017, segundo projeções – o balanço sai nesta terça-feira.
Enquanto isso, a companhia está se aproveitando de uma brecha na legislação corporativa dos EUA para tentar restabelecer a remuneração de US$ 56 bilhões de Elon Musk, mostrou a Reuters.
UM NOVO TESLA?
Analistas começaram a considerar uma reviravolta no modelo de negócio da montadora depois de Musk ter dito que focar na automação era “uma jogada óbvia” e que um táxi autônomo será lançado em agosto.
Ao priorizar a automação dos serviços e não a venda de carros, a Tesla deixaria de competir diretamente com a chinesa BYD – sua maior rival hoje – e passaria a duelar com companhias como Waymo, que pertence à dona do Google, e Zoox.
Os táxis autônomos, porém, têm enfrentado resistências em cidades americanas por causa de falhas operacionais.
STARTUPS ELIMINAM TONELADAS DE CO2, MAS CUSTO ATRAPALHA
Enquanto empresas ao redor do mundo trabalham para reduzir a emissão de carbono de suas operações, outra frente também tem ganhado espaço: a de remoção e captura de carbono.
É que, para as companhias atingirem a meta de ser net zero (ou seja, terem emissão neutra líquida de CO2), as duas modalidades têm de ser trabalhadas pelas empresas.
ENTENDA
A ideia é que a segunda frente compense emissões de setores que, mesmo adotando todas as estratégias de descarbonização possíveis, não conseguem ser livres de carbono.
A indústria mais citada como exemplo por especialistas é a de cimento e concreto.
↳ “Não existe jeito de fazer concreto sem emitir CO2. E não se sabe quando isso será possível, porque a própria reação química envolvida no processo emite carbono, mesmo com o uso de energia renovável”, me contou Peter Fernandez, cofundador e CEO da Mombak, startup brasileira que captura o carbono por meio de reflorestamento de áreas degradadas.
Como compensar as emissões que não têm como ser evitadas? Com técnicas de captura de carbono, que devem representar 8% das reduções totais de emissões globais até 2050.
Uma delas (veja aqui outras modalidades) envolve a remoção direta do carbono que está no ar, mostra a repórter Tamara Nassif, da Folha de S.Paulo. É uma estratégia que emula o que as árvores fazem no processo de fotossíntese e remove o CO2 da atmosfera, mas em uma escala muito maior e mais rápida.
↳ É isso que faz a suíça Climeworks, que opera a primeira grande usina desse tipo do mundo, na Islândia, capaz de remover 4.000 toneladas de CO2 por ano.
O problema é o preço: estima-se que uma tonelada de CO2 removido do ar custe entre US$ 500 e US$ 1.000.
- Como comparação, o valor médio comercializado pelas empresas que evitam emissão de carbono ao impedir o desmatamento o modo mais barato é de cerca de US$ 5.
- A Mombak, que compra pastagens degradadas na Amazônia, as refloresta e vende os créditos, fechou um acordo com a McLaren por US$ 50 a tonelada. A Microsoft também está entre seus clientes.
Por falar no mercado de carbono… A reforma tributária propõe uma taxação mínima de apenas US$ 3 por tonelada de carbono – de fontes como petróleo e gás.
O país vai na contramão de alíquotas muito maiores adotadas na União Européia (100 euros por tonelada) e recomendadas pelas Nações Unidas (mínimo de US$ 30 a US$ 50).
SOB ATAQUE
O Siafi, sistema do governo federal usado para executar pagamentos, foi alvo de uma invasão em abril. Há suspeitas de que recursos da União foram desviados.
A Polícia Federal investiga o caso e atua no rastreio dos suspeitos com apoio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
O Tesouro Nacional, órgão gestor do Siafi, implementou medidas adicionais de segurança para autenticar os usuários habilitados a operar o sistema e autorizar pagamentos.
ENTENDA
O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal é o principal instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil do governo.
COMO FOI A INVASÃO
Os suspeitos conseguiram acessar o Siafi com o CPF e a senha do gov.br de gestores e ordenadores de despesas que operam a plataforma de pagamentos, conforme as apurações iniciais.
↳ Esses dados foram coletados via phishing (uso de links maliciosos em emails, por exemplo). Uma das hipóteses é que isso durou meses até que fosse reunido um volume considerável de senhas para o ataque.
↳ Os invasores ainda conseguiram alterar a senha de outros servidores, ampliando a escala da ação.
OS IMPACTOS
Há suspeita de pagamentos com substituição do destinatário original da dotação orçamentária, caracterizando o desvio, segundo os envolvidos na investigação.
Não há confirmação oficial sobre os montantes envolvidos, nem quais órgãos foram alvo da ação.
AZUL ULTRAPASSA GOL; LATAM LIDERA
A Azul superou a Gol e se tornou vice-líder no mercado aéreo doméstico brasileiro em março deste ano, de acordo com dados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A Latam segue na liderança, batendo um recorde de 11 anos na posição.
EM NÚMEROS
- 41% foi a participação de mercado da Latam no mês passado.
- 29,5% foi a da Azul, após um crescimento de 6,7% em relação a março do ano passado.
- 29% foi a da Gol, que teve uma redução de 13,4% no período.
Os dados são relativos ao RPK, que considera o lucro por passageiro e quilômetro voado.
No mercado internacional, a Latam também é a líder, com 19,4% de participação, e um aumento de 38% em relação ao ano passado.
- Ela é seguida pela portuguesa TAP, com 9,7%, e pela American Airlines, com 5,2%.
Em recuperação judicial desde janeiro, a Gol entrou na mira da Azul, que havia feito um movimento semelhante quando a Latam havia pedido proteção na Justiça contra credores, em 2021.
Mesmo que a controladora da Gol – a holding Abra, que também é dona da Avianca – e os credores da companhia aprovassem a oferta da Azul, o negócio poderia enfrentar obstáculos no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
- A consolidação do mercado brasileiro com duas operadoras é algo que preocupa as autoridades regulatórias.
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POR ARTUR BÚRIGO