Chuva, redução da mobilidade e crise ‘espantam’ clientes
Os presentes para os familiares e amigos serão mais modestos em 2021. É o que garante a maioria dos consumidores ouvidos pelo Marília Notícia, que realizou uma incursão noturna pela rua São Luiz e adjacentes.
No principal centro do varejo na cidade é inegável que o movimento típico ainda não chegou, o que poderia trazer um alento para um ano tão desafiador para os comerciantes.
O operador de máquinas João Vitor Sudário e a auxiliar administrativa Débora Lidiane Moreira, ambos de 23 anos, aproveitaram as horas a mais de abertura das lojas, nesta quarta-feira (15).
A garoa não foi impedimento, mas a prudência na hora de gastar falou mais alto ao escolher o que comprar.
“Não está como nos outros anos, com tanta gente na rua. Eu acho que é por causa da economia, que está complicada, além do que muita gente compra pela internet”, arrisca.
O jovem opina que estar presente em lojas físicas – ao invés de comprar na web – tem suas vantagens. “Dá para achar alguns produtos com preços bons”, afirma.
Aposentada, dona Aparecida Caetano, de 64 anos, aponta que a inflação está muito alta, principalmente, em itens básicos como alimentação, energia e combustíveis.
Como o salário não acompanha, Aparecida afirma que os presentes serão mais acanhados. “Tem crianças [que gostaria de presentear], mas brinquedo nem pensar. A gente dá uma roupinha, um calçado, alguma coisa que vai ser bem útil para o uso, mas não dá para comprar nada supérfluo”, garante.
A filha, Erica Cristina Monteiro, de 44 anos, é dona de casa, mas conta que já se considera desempregada, já que uma renda adicional na casa seria extremamente importante.
“Está bem complicado mesmo. O Natal já está aí, mas esse ano está até difícil falar em presentes. Para ser sincera, [eu] ainda não sei, mas se for dar algum, vai ser roupa”, afirma.
LOCOMOÇÃO
O preço dos combustíveis e a redução das opções de transportes, com corte em horários de ônibus e encarecimento do transporte por aplicativo, são vilões deste fim de ano para as lojas físicas.
A comerciária Letícia Coimbra trabalha até as 22h e precisa do ônibus para chegar em casa, no Jardim Califórnia (zona Oeste).
“Tem um ônibus às 22h e outro só às 23h. É muito tempo para esperar, de aplicativo não tem condições por causa do preço. Custa R$ 22 até em casa. E sem falar que o último ônibus sai lotado”, reclama.
Letícia acredita que dificuldades semelhantes também estão sendo enfrentadas por consumidores, que podem estar deixando de frequentar o centro comercial.
A reportagem do MN procurou a Associação Comercial e Industrial de Marília (Acim), para comentar perspectivas para as compras de fim de ano. A entidade trabalha com estimativa de até 10% nas vendas e prefere aguardar o fim do período para avaliação.
Sobre a mobilidade, informou ter feito contato com a entidade que representa as concessionárias, para solicitar adoção de medidas para favorecer os deslocamentos de trabalhadores e consumidores.
O site também procurou a Empresa de Mobilidade Urbana de Marília (Emdurb), mas a instituição não respondeu aos questionamentos, até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto à manifestação.