Taxa de médico por habitantes em Marília é o dobro do país
A taxa de médicos por mil habitantes em Marília é 2,3 vezes maior do que média nacional e quase o dobro da estadual. No município são 5,1 médicos a cada mil habitantes, enquanto no Brasil são 2,18 e em São Paulo 2,81.
Os dados municipais são do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia do Estado de São Paulo), que falam em 1,2 mil médicos atuando na cidade que tem 235.234 habitantes, segundo última estimativa.
Já os números estaduais e do país constam na Demografia Médica do Brasil, feita pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), e divulgada no último dia 20 de março.
De modo geral, pode se dizer que Marília tem proporcionalmente quase tantos médicos quanto as capitais dos estados brasileiros.
Segundo a pesquisa da USP, a proporção das 27 capitais é de 5,07 médicos por mil habitantes, enquanto no interior esse índice é de 1,28 – ou seja, 3,9 vezes menor.
O número indica grande desigualdade na quantidade de médicos nas capitais do Brasil e municípios do interior. Mas Marília aparece como uma exceção no contexto.
Na capital de São Paulo, vivem 47,3% dos médicos do estado, contra 52,7% que atuam no interior.
O interior paulista apresenta a razão de 2,02 médicos por mil moradores e a capital 4,98 profissionais por mil moradores, ou seja, 2,46 vezes mais do que no interior. Marília tem uma taxa melhor do que a capital paulista.
O Sudeste é a região com maior proporção de médicos por 1 mil habitantes (2,81) contra 1,16 no Norte, e 1,41 no Nordeste. Somente o estado de São Paulo concentra 21,7% da população e 28% do total de médicos do território nacional.
Uma das explicações para o alto índice de médicos em Marília é a existência de duas faculdades de medicina na cidade.
Unimar
De acordo com o professor Heron Gonzaga, coordenador do Curso de Medicina da Unimar (Universidade de Marília), criado em 1996, já foram formados mais de 2 mil médicos ali.
“Médicos de qualidade técnica e humanística para atuarem em todo território nacional”, afirma.
Segundo Gonzaga, muitos destes profissionais “escolheram o município de Marília para sua atuação”. “A maioria se especializou através dos programas de residência médica e muitos fizeram programa de mestrado e doutorado”, afirma o professor.
Alguns chegaram a se qualificar em universidades como Harvard, nos Estados Unidos. “Além disso o curso de medicina da Unimar atraiu para o município profissionais de alto gabarito com qualificação de doutorado e pós-doutorado para fazerem parte do seu corpo docente”.
Na análise de Heron, esse maior contingente de profissionais altamente qualificados ajudaram a elevar o nível do cuidado na atenção primária, secundária e terciária de Marília.
“O direito humano à saúde pode ser contemplado na cidade, no entanto, para tal é necessário não apenas um número adequado de profissionais médicos, mas também uma política pública que incentive sua atuação, atualização e a participação integrada com os demais profissionais de saúde nas mesmas condições, além da disponibilidade de recursos de bens materiais e imateriais para atendimento digno da população”, opina o coordenador de Medicina na Unimar.
Ele afirma que a expectativa é de que a instituição possa contribuir cada vez mais com a saúde em Marília.
“Tivemos o recente aumento dos leitos do Hospital Universitário abrangendo Urgência e Emergência, bem como leitos de Cuidados Paliativos”, comenta.
As novidades fazem parte projeto da Instituição na área de oncologia, cujas instalações devem ter as obras iniciadas em breve.
Famema
A Famema (Faculdade de Medicina de Marília), estadual, contribui com a formação de 80 médicos, em média, por ano. Assim como Heron fala sobre a Unimar, o diretor geral da Famema, Valdeir Fagundes de Queiroz, afirma que boa parte dos formandos acabam ficando na cidade.
Segundo Valdeir, dos 1,2 mil médicos que atuam em Marília, cerca de 400 estão vinculados de alguma forma à Famema, ou seja, um terço do contingente. “Parte deles são jovens médicos em residência, e muitos também acabam indo embora depois”, pondera. No entanto, os residentes sempre se renovam.
As especializações da Famema também contribuem para o fomento da medicina local e regional, além das pesquisas, tão importantes para o avanço científico. A retenção de talentos no quadro de docentes também tem impacto local.
A Famema oferece programas de residência médica em 228 vagas em 29 áreas “promovendo o treinamento e qualificação de médicos para inserção no modelo de Saúde do nosso país”, consta em informe institucional da faculdade que também oferece curso de enfermagem.
Ainda são oferecidos, no campo da medicina, o mestrado profissional em Saúde, mestrado acadêmico e pós-graduação lato sensu.
“Marília é uma referência no ensino da medicina na Região e em todo o Brasil, temos alunos de vários estados, e a Famema é um objeto de desejo desses alunos e que contribui para a saúde local”, diz.