Tarcísio assina contrato de trem que deve ligar São Paulo a Campinas
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assinou nesta quarta-feira (29) a ordem de serviço do TIC (Trem Intercidades), que prevê a ligação de Campinas (SP) a São Paulo pelo modal ferroviário. O projeto prevê investimento de R$ 14,6 bilhões, com previsão de conclusão para 2031.
O ato foi realizado no pátio ferroviário de Campinas, futura estação do TIC, com presença de apoiadores, que entoaram um coro de vuvuzelas e berrante.
Adicionalmente, o governador assinou o decreto que instaura o programa São Paulo Sobre Trilhos, que, diz, “visa estender o modal ferroviário de passageiros estado afora, ligando outras regiões à capital”, com investimentos que chegam a R$ 191 bilhões. A medida deve ser publicada na edição desta quinta-feira (30) do Diário Oficial do Estado.
Na prática, a assinatura da ordem de serviço do TIC libera a continuação do trabalho de implantação do trem. Trata-se de um pequeno passo no processo para tirar a obra do papel.
Tarcísio agradeceu em seu discurso ao governo federal e ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que deve ajudar a financiar o projeto.
A iniciativa de reativar uma ligação entre Campinas e São Paulo já tem mais de duas décadas e começou em meados de 2002, quando a ligação férrea entre as cidades foi desativada.
O projeto foi retomado em 2020, na gestão de João Doria (à época no PSDB, hoje sem partido), mas travou na burocracia que permitiria a liberação do uso da ferrovia já existente entre a capital e o município no interior. À época, Doria se reuniu com Tarcísio (então ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro) para resolver o entrave, mas sem sucesso.
Sucessor de Doria na gestão paulista, Tarcísio tornou a iniciativa uma das suas principais bandeiras, aliado ao prefeito de Campinas, Dário Saadi, seu colega de partido.
O governador promete ainda estudos para ligar Sorocoba-Campinas e Campinas-Ribeirão Preto pelo modal ferroviário. Não há, entretanto, aprofundamento sobre a viabilidade de tais projetos, tampouco indicação de fontes de financiamento para isso.
“Os trilhos já existem, o que precisamos é colocar os trens para funcionar. O estado não pode ter medo de pensar alto e precisa implantar um modelo que desafogue as rodovias e priorize a redução da emissão de CO2”, disse Tarcísio.
As rodovias Anhanguera (SP-330) e Bandeirantes (SP-348) têm problemas crônicos de congestionamento na chegada a São Paulo.
O tempo médio do trajeto entre Campinas e a estação da Luz (ponto final do TIC) ultrapassa duas horas em horários de pico. O trem deve realizar esse mesmo trajeto em, no máximo, 60 minutos. A população atendida é de cerca de 15 milhões de habitantes.
Além de Jundiaí e Campinas, a ligação deve beneficiar os municípios de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista, através de um outro ramal (o TIM – trem intermunicipal), que terá paradas também em Louveira e Vinhedo.
A empresa que vai operar o modelo é a chinesa CRRC.
O governador prometeu, ainda, tirar do papel uma outra ligação intermunicipal, ligando Sorocaba à capital, em 2025, com a realização do leilão da obra e a assinatura da ordem de serviço.
Tarcísio disse ainda que pretende, até o fim de seu mandato, entregar os projetos para interligar o Vale do Paraíba e a Baixada Santista a São Paulo, também pelo modal ferroviário.
Uma vez instalada, a linha de trem irá percorrer o trajeto de 130 quilômetros entre São Paulo e São José dos Campos em 75 minutos. Já a ligação sobre trilhos com a Baixada Santista será percorrida em até uma hora e meia.
Questionado sobre a viabilidade de desenvolver tais obras em curto período, o chefe do executivo paulista afirmou que é possível dar andamento aos processos sem sobrecarregar a máquina pública.
“Tal qual tiramos o TIC do papel, assumimos o término do Rodoanel e estamos assumindo obras de grande porte no estado, as demais iniciativas vão continuar e se darão de forma natural, sem sobrecarregar o estado, visto que temos um equipe competente para isso”, disse.
Há outras promessas de transporte ferroviário no interior paulista. Um deles é uma ligação por meio de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) entre Campinas, Hortolândia e Sumaré.
Por LUIS EDUARDO DE SOUSA