Superlotação, descaso e até ratos: o retrato da saúde em Marília
A situação da saúde pública em Marília continua um caos. Unidades básicas, Pronto-Atendimentos e hospitais públicos: nenhum escapa. O péssimo atendimento, falta de médicos e descaso de funcionários sobrecarregados, revoltam cada dia mais a população.
Desde o começo da semana a reportagem vem recebendo diversas denúncias em todas as regiões da cidade. Em desabafo pelo aplicativo Whatsapp, um homem que prefere não se identificar, relatou a situação que viveu nesta terça-feira (27): “A saúde pública em Marília verdadeiramente está um caos. Cheguei no Hospital Materno Infantil (HMI) com minha esposa gestante de 6 meses às 16:28, são 18:33 e ainda tem quatro outras gestantes para serem atendidas”, disse o mariliense que acabou conseguindo uma orientação médica somente cerca de 5 horas depois de chegar ao hospital.
Um outro leitor também relatou a situação do HMI via Whatsapp.”Fui para o PA Sul e depois me encaminharam para cá (HMI). Minha mulher estava passando mal e a gente está esperando há quase seis horas. Crianças de colo com febre sem ter onde ficar. Pessoal quer até chamar a polícia”, disse Eduardo de Souza.
PA SUL
A situação nos Pronto-Atendimentos da zona sul e norte não é diferente. No PA Sul até um rato apareceu para a ‘festa’ hoje. O animal invadiu a sala de espera e causou uma agitação entre os pacientes, até ser morto por um dos presentes no local.
Semana passada outra leitora já havia reclamado: “A saúde pública em Marília está uma vergonha. Sua filha chega desmaiada na porcaria do PA na zona sul e fica jogada na cadeira de rodas, duas horas sem atendimento! Você vai pedir ajuda para os enfermeiros e simplesmente eles riem da sua cara. Final da história: minha filha saiu de lá sem atendimento”, disse Candida Furquim de Oliveira, moradora no Jardim Continental.
PA NORTE
Mais imagens enviadas para a redação do MN mostram a situação do PA Norte nesta terça. A superlotação se deve ao grande número de pacientes com dengue. A cidade vive atualmente uma epidemia e os moradores acabam buscando ajuda na unidade mais próxima.
Segundo testemunhas a espera chega a 6 horas. “Parece um hospital de guerra. Gente jogada, gemendo.. Está muito feio”, relata Fernanda Silva.
Sobre a situação, a Secretaria Municipal da Saúde respondeu que a questão da permanência do profissional no SUS (Sistema Único de Saúde) é um problema nacional e, em Marília, não é diferente.
No último concurso promovido pela Prefeitura para 30 vagas, apenas dois profissionais assumiram os postos de trabalho. Nas unidades onde não há um profissional fixo, foi programado um sistema de revezamento de cobertura, onde dois dias na semana fica um médico na Unidade para atender as prioridades (gestantes, crianças e idosos).
Além disso, nos dias em que o profissional não está presente, a unidade tem o respaldo dos Prontos Atendimentos que possuem, no mínimo, 3 médicos de plantão por período, durante as 24 horas por dia. O problema é que na prática, segundo a população, isso não passa nem perto do suficiente. A assessoria da Famema (responsável pelo HMI) não foi encontrada para comentar o caso.