Sincopol questiona governador sobre déficit de policiais
O Sincopol (Sindicato Regional dos Policiais Civis do Centroeste Paulista) questionou durante coletiva de imprensa no último dia 6 o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o déficit de quase 50% nos quadros da Polícia Civil na área de abrangência das Delegacias Seccionais de Marília, Assis, Tupã e Ourinhos.
O chefe do Executivo estadual respondeu que recentemente foram nomeados e estão em formação pela Acadepol (Academia de Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”), até agosto, 175 escrivães, 48 investigadores, 47 técnicos peritos, 30 médicos legistas e 12 peritos para todo o Estado de São Paulo.
Diante do número ínfimo de contratados perto da enorme falta de pessoal, o próprio governador reconheceu que as nomeações estão ocorrendo “a conta-gotas”, de forma “homeopática”. A explicação é o que ele chamou de “restrições orçamentárias”. A promessa é de que mais alguns concursados que esperam há nos sejam chamados até o fim de 2017.
De acordo com o presidente do Sincopol, Celso José Pereira, na região das Seccionais de Marília, Assis, Tupã e Ourinhos já existiram 700 policiais civis. Atualmente esse número não passa de 300. “A precarização e o acúmulo de serviço são gravíssimos nas delegacias. Aumentam cada vez mais os afastamentos por problemas médicos e psicológicos”, afirma o sindicalista.
Após o questionamento do Sincopol, o governador colocou a culpa da falta de funcionários na redução da chamada “expulsória”. “Dois anos atrás a expulsória era de 70 anos, aí baixaram para 65. O Congresso aprovou e nós perdemos 1,3 mil policiais em 24 horas. A lei era tão absurda que foi revogada, só que o funcionário não pode voltar”, respondeu Alckmin.
Defasagem salarial
Durante a mesma coletiva de imprensa, jornalistas que atuam em Marília questionaram sobre a falta de reajuste para a Polícia Civil. O tema vem sendo denunciado pelo Sincopol, que prepara uma ação coletiva para obrigar o Estado de São Paulo a indenizar os membros da categoria pelas perdas salariais impostas devido aos altos índices de inflação sem qualquer reposição.
O último reajuste concedido aos policiais civis data de agosto de 2014, há quase três anos – ou 33 meses. A inflação desde então, até maio de 2017, de acordo com cálculo feito por meio de ferramenta disponibilizada pelo Banco Central com base no IPCA (Índice de Preço do Consumidor Amplo), foi de 22,3%.
De acordo com o presidente do Sincopol, a ação coletiva é necessária, pois desde 2016 um recurso extraordinário julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu os funcionários públicos da área da segurança de realizarem greve. “Dessa forma, o policial civil vai morrer de fome e não tem como lutar. Por isso o sindicato irá brigar pela indenização”, afirma Celso.
A saída do governador foi mais uma vez recorrer ao argumento da crise econômica, sem dar qualquer prazo concreto para o reajuste. A condição é a melhoria da arrecadação, que estaria nos patamares de 2014, de acordo com o tucano. “Enquanto isso, a inflação mesmo que perdendo força, continua deteriorando o capacidade de consumo e a qualidade de vida dos policiais civis. Não ficaremos parados, estamos agindo”, comenta o presidente do Sincopol.