Setor empresarial vê no aeroporto o maior obstáculo ao turismo de Marília

Apesar de contar com uma das estruturas mais promissoras do interior paulista para o turismo de eventos e negócios, Marília enfrenta sérios entraves logísticos — principalmente no transporte aéreo. O aeroporto estadual Frank Miloye Milenkovich, sob concessão da Rede Voa desde abril de 2022, ainda não passou por reformas significativas. A entrega da ampliação, agora prevista para 2026, é o terceiro prazo anunciado pela empresa.
A nova data foi divulgada em janeiro de 2025 pelo próprio CEO da Rede Voa, Marcel Gomes Moure, durante visita ao município. O atraso preocupa lideranças locais ligadas ao turismo, que veem no aeroporto o principal obstáculo ao crescimento do setor.
Para o presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), Ivan Evangelista, Marília já tem boa capacidade de recepção, com hotéis, restaurantes e espaços para eventos. No entanto, a limitação da malha aérea e a falta de estrutura adequada comprometem o avanço. “Enquanto isso, cidades vizinhas recebem investimentos e crescem”, lamenta.

Com a chegada do centro de distribuição do Mercado Livre à cidade, Evangelista também destaca a urgência de melhorias que permitam a operação de grandes aeronaves. Segundo ele, há uma demanda reprimida por voos mais eficientes, e Marília perde visitantes e receitas para municípios com melhor estrutura.
O empresário Marcelo Diniz, do setor gastronômico, compartilha da mesma visão. Para ele, o foco deve ser no turismo de negócios, que pode gerar retorno rápido com menor necessidade de investimento público. “Temos infraestrutura, precisamos apenas organizar a captação e apoio a congressos, feiras e cursos que já ocorrem na região”, avalia. Ele sugere a criação de um grupo de trabalho entre poder público e iniciativa privada para fortalecer o segmento.
Embora reconheça a importância de investimentos em atrações recreativas, como a reforma do Bosque Municipal e a criação de um mirante turístico, Diniz acredita que esses projetos demoram mais a gerar resultados. “O turismo de negócios já existe. Só precisamos potencializar”, conclui.

Para Diniz, é fundamental que a cidade estruture melhor sua atuação para aproveitar congressos, feiras e cursos que acontecem na região. Marcelo sugeriu ainda a criação de um grupo de trabalho envolvendo iniciativa privada e poder público para planejar ações que fortaleçam o turismo de negócios.
“Eventos de odontologia, medicina, educação, por exemplo, trazem centenas de pessoas que consomem nos hotéis, restaurantes e no comércio local. Se tivermos uma organização para captar e apoiar esses eventos, o impacto positivo será imediato”, aponta.

REDE VOA
Como já divulgado pelo Marília Notícia, durante a visita à cidade em janeiro de 2025, o CEO da Rede Voa evitou cravar uma data para o início das obras. “Não sei quando começa, mas a previsão é para o segundo semestre deste ano”, afirmou. Sobre a entrega, indicou apenas o prazo de “até março de 2026.”
Apesar do histórico de adiamentos, Marcel Moure disse que a empresa está antecipando obras originalmente previstas para 2028. “Questões técnicas e burocráticas nos impediram de iniciar antes. Em função da demanda, estamos acelerando”, justificou.
Procurado pela reportagem, o secretário municipal de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Vitor Gazola, não respondeu até a publicação. O texto será atualizado caso haja manifestação.