Setor de bares e restaurantes protesta e faz apelo para reabertura
A crise no setor de bares e restaurantes, com a interrupção do atendimento presencial aos clientes, repercutiu de maneira mais enfática no Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Marília. Há relato de demissões, empresários passando o ponto e com dificuldades até para pagar despesas básicas, como a conta de água.
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Marília (Sinhores), Sinval Gruppo, usou o grupo de WhatsApp do colegiado para uma mensagem direcionada ao prefeito Daniel Alonso (PSDB).
“Somente nesta semana ocorreram várias demissões, inclusive com parcelamento das verbas rescisórias, pois alguns não conseguiram pagar integralmente”, apontou.
Sinval não detalhou números sobre o setor, que emprega (somente em relação a alimentação fora de casa) cerca de mil pessoas em Marília. Com o fechamento na segunda-feira, a percepção é que a crise iniciada em março, ainda sentida pelos empresários, já voltou a sufocar quem precisa trabalhar.
Diversos estabelecimentos fizeram protestos e desabafos em seus perfis nas redes sociais.
“Sabemos que atual momento é muito delicado e requer devidas medidas para evitar a propagação do Covid-19. Porém em meio a tudo isso nós proprietários de bares e restaurantes nos vemos em meio à uma crise sem precedentes”, diz uma postagem.
O empresário responsável pelo bar explica que, diferente do momento anterior, quando houve fechamento mas recursos para que os colaboradores não ficassem sem o mínimo para o sustento, dessa vez não há programas oficiais de auxílio.
“Tão pouco (há) possibilidades de flexibilização de contratos e nós acumulamos dívidas. Não tem sido fácil ver nosso trabalho de anos ir por água abaixo e ver as 14 famílias que dependem do funcionamento do bar para o sustento, sem nenhuma possibilidade ou amparo dos governantes nesse momento de crise”, escreveu.
E ficou para discussão dos internautas uma série de perguntas com a sensação de desamparo. “E a nós resta saber como vamos arcar com as dívidas trabalhistas? Como vamos pagar nossos fornecedores? Estamos no escuro, de mãos atadas e sem nenhuma posição dos governantes”.
Desemprego
Incluindo os hotéis, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o segmento empregava 2.432 pessoas em novembro. Com base nos dados públicos, o Marília Notícia mostrou que a perda vagas entre janeiro e novembro de 2020 foi de 15,8%, ou seja, 457 desempregados.
“Recebi várias ligações de empresários querendo fechar ou tentar vender o ponto, até pedido de ajuda para que o fornecimento de água não fosse interrompido, pois já possuíam três contas vencidas e não pagas”, escreveu o presidente do sindicato ao prefeito.
Ao chefe do Executivo de Marília, Sinval apontou haver apenas duas soluções imediatas, já que a vacinação com cobertura ideal ainda deve demorar.
“A volta da ajuda federal para pagamento dos funcionários ou a criação urgente de novos leitos de UTI, para atingirmos o índice necessário para voltarmos a fase amarela”, sugeriu.
Vale lembrar que a Prefeitura de Marília vem sendo pressionada a aumentar leitos em terapia intensiva, para reposicionamento no Plano São Paulo.
Durante audiência solicitada pelo vereador Júnior Fefin (PSL), o secretário municipal da Saúde – que também é empresário do setor – foi questionado sobre credenciamento de novos leitos.
O impasse, além do custo do serviço (R$ 1,6 mil por diária de cada leito, usando ou não) envolve a disponibilidade de equipamentos e recursos humanos pelo hospital que se dispôs a ampliar.
O tempo que levaria entre fechamento de acordo e a efetiva habilitação também foi apontado como empecilho.
Mais leitos
Na semana passada o Estado autorizou a criação de quatro novos leitos de UTI para pacientes com Covid-19 no Hospital das Clínicas (HC) de Marília, que agora tem 30 vagas. Nesta quinta-feira (21), segundo informe da Saúde, todas estão ocupadas.
Marília tem agora 60 leitos de UTI somente para tratar pacientes acometidos pela doença. O número corresponde a quase metade das vagas da Direção Regional de Saúde (DRS IX), que tem mais 61 municípios.