Setembro Amarelo inicia em alerta de 11 casos de suicídio em Marília
A campanha de prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo, inicia com atividades de conscientização e em alerta com 11 óbitos registrados desde o começo do ano em Marília. O número de casos representa 65% de mortes registradas durante o ano passado, quando 17 suicídios foram notificados na cidade.
Os dados foram solicitados pelo Marília Notícia para a Secretaria Municipal da Saúde, que realiza durante o mês ações para sensibilizar a população, conscientização de famílias e capacitação de profissionais da rede municipal.
O objetivo central da campanha é a necessidade de identificação dos sinais que um suicida emite, da prevenção e das ações de apoio ao paciente no interior dos lares e locais de trabalho, e, principalmente, o encaminhamento à terapia especializada.
O Setembro Amarelo também aproveita o 10 de setembro, na próxima segunda-feira (10), marcado como o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”.
Em Marília, a taxa de suicídio registrada é uma das maiores do Estado de São Paulo. O índice de mortalidade é superior a 7,5 óbitos por 100 mil habitantes, segundo a fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
Especialista
Para entender quais são as implicações dos dados e principalmente como o tema afeta a população, o MN entrevistou a psicóloga Paula Werner Severo, mestre em psicanálise pela Universidade de São Paulo (USP).
“O Setembro Amarelo é um momento de abertura, diálogo, apresentando a fragilidades das pessoas e conscientizando sobre a necessidade do cuidado, de uma com as outras, para que consigam lidar com as dificuldades. Esse momento deve ser estendido para todos os meses do ano e trabalhado diariamente com amigos e familiares”.
De acordo com a especialista, parte das relações modernas são pautadas na controversa percepção do que é ser feliz, respectivamente caracteriza pelo sucesso na vida pessoal e profissional.
“Antigamente o sofrimento não era um motivo para ser considerado fracassado ou incapaz. Hoje tudo isso mudou e o paradigma para uma determinada parcela de pessoas é ser feliz e autossuficiente. Não existe espaço para frustração ou sofrimento”.
“Muitas relações se tornaram superficiais, seguem em um formato individualista. A felicidade tornou-se sinônimo de sucesso e sen espaço para o fracasso. É mais fácil fingir que o sofrimento não existe, do que enfrentar as dificuldades e supera-lo”.
Para a especialista, tanto os problemas como as frustrações devem ser encarados com atenção, diálogo e companheirismo.
“Todo mundo sofre, cada um à sua maneira. Não é necessário oferecer resposta ou solução para o sofrimento alheio, mas promover a abertura, diálogo, compartilhar que as dificuldades são coletivas e devem ser superadas em conjunto. É somente encarando os problemas que surgem o apoio e as soluções”, explica.
“A resistência à frustração é necessária para que o sujeito supere as dificuldades que surgirem na vida. As crianças precisam aprender desde cedo, pois se elas são super protegidas ou totalmente desamparadas, acabam tendo dificuldade para lidar com as frustrações no decorrer da vida”.
Viver vale a pena
Vale lembrar que o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e Skype 24 horas todos os dias.
O contato pode ser feito pelo telefone 141 ou pelos outros canais disponíveis no site, que pode ser acessado [aqui].