Rotina do servidor da Saúde envolve ameaça e agressão em Marília
Um segurança do Pronto Atendimento (PA) da zona Sul foi agredido na última sexta-feira (23) enquanto trabalhava, depois de pedir para que o homem não permanecesse no local em que se encontrava. A vítima ainda foi ameaçada pelo autor, que já foi identificado e vai responder por lesão corporal e ameaça. Esse é apenas mais um de vários que acontecem praticamente todos os dias em Marília.
De acordo com informações apuradas pelo Marília Notícia, a maior parte dos casos é de agressões verbais e ameaças, sendo que nem todos eles evoluem para agressão física e registro da ocorrência na Polícia Civil. A Prefeitura de Marília, no entanto, recebe reclamações dos funcionários, que se sentem intimidados em exercer o papel de servidor municipal na área da Saúde, com tantos obstáculos enfrentados nos últimos anos.
O segurança do PA da zona Sul que foi agredido na última sexta-feira, de 54 anos, recebeu socos no rosto de um homem de 34 anos. O caso ocorreu às 17h45, dentro da unidade de saúde. A vítima foi socorrida por um colega e recebeu atendimento das enfermeiras do local. Além da agressão, o autor ainda ameaçou o segurança. Neste caso, um boletim de ocorrência foi registrado e o episódio já é investigado pela Polícia Civil.
A Prefeitura de Marília informou que casos de agressões verbais e ameaças são constantes, tanto no PA da zona Sul quanto nas Unidades Básicas de Saúde. A orientação é que as vítimas registrem boletins de ocorrência. Existem semanas com casos sendo comunicados todos os dias, mas em outras não é anotado nenhum problema.
Além de agressões verbais e ameaças, os servidores muitas vezes encontram seus veículos riscados ou com pneus furados. A violência, na maioria das vezes, é motivada por demora no atendimento, ausência de algum profissional e até mesmo pelo não recebimento de um atestado médico para justificar uma ausência no trabalho.
Para evitar agressões e minimizar problemas, seguranças foram contratados, mas mesmo eles se tornaram alvo de pacientes. Nas unidades de saúde, a providência tomada em Marília é a quebra de vínculo. O paciente é encaminhado para atendimento em outra unidade.
No PA da zona Sul e na UPA da zona Norte a quebra de vínculo não é possível, por serem porta de entrada para atendimento de emergência. Não é possível recusar o atendimento, uma vez que omissão de socorro é crime. Quando um paciente já teve problema com um profissional em uma dessas unidades, outro é chamado para fazer o atendimento e evitar novos problemas.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO
Uma mulher foi acusada de tentar matar um enfermeiro no dia 22 de fevereiro deste ano, na UPA da zona Norte. O caso foi registrado como tentativa de homicídio, lesão corporal, desacato e ameaça.
Ela foi presa em flagrante e liberada na audiência de custódia para responder ao processo em liberdade. Segundo o registro do boletim de ocorrência, o ferimento que o enfermeiro sofreu no braço, provocado por um golpe de canivete, foi grave e provocou grande sangramento, rompendo uma artéria e parte do tendão.
Audiência sobre o caso estava marcada para o dia 26 de outubro, às 15h, no Fórum de Marília, mas o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) se manifestou para mudar a data, pois no mesmo dia e horário, o 11º promotor de Justiça de Marília, Rafael Abujamra, estará atuando no Tribunal do Júri. O pedido ainda não foi analisado.
SUSTO NO PA DA ZONA SUL
Em agosto, no PA da zona Sul, a Polícia Militar (PM) foi acionada para atendimento de caso, em que teriam ocorrido disparos de arma de fogo dentro da unidade de Saúde. No registro feito na Central de Polícia Judiciária (CPJ), os policiais militares foram informados por populares que havia um homem armado dentro do local.
Os militares, então, deram início à varredura pela região, mas não localizaram o autor. Consta no registro que o homem estaria com mais duas mulheres e que o trio fugiu em um veículo preto.
Os seguranças do PA informaram que o acusado e as duas mulheres já entraram com os ânimos alterados. O homem vestia camisa vermelha e estava com um braço por dentro dela. Ele teria dito que queria ser atendido imediatamente.
O autor chegou a discutir com os seguranças e depois disse que voltaria para ter uma conversa particular com os funcionários.
Conforme o relato, depois de 15 minutos, o homem voltou e foram ouvidos três disparos de arma de fogo. Os seguranças foram para os fundos do local e aguardaram a chegada da PM. O caso segue sendo investigado.
Vale lembrar que os tiros não foram confirmados pela Prefeitura e a PM não encontrou vestígios ou cápsulas no local.
DESACATO
A maior parte da população não sabe, mas desacatar um funcionário público no exercício da função ou em razão dela é crime, previsto no artigo 331 do Código Penal Brasileiro.
Quem comete esse tipo de infração pode ser condenado a uma pena de detenção, que varia de seis meses a dois anos, ou multa.