PSOL define pré-candidata para concorrer à Prefeitura
A servidora estadual da Saúde e ativista da luta pelo cultivo medicinal da maconha, Nayara de Fátima Mazini Ferrari, 37 anos, deve ser a primeira mulher candidata à Prefeitura de Marília. A escolha é do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e deve ser confirmada em convenção.
A legenda tenta marcar espaço no cenário político local, com nome que amplia a credibilidade na esquerda. Também renova a estratégia do partido, que tradicionalmente apostou em nomes populares, porém caricatos, como Sebastião Carlos de Oliveira, o “Barba Pintor”.
Nayara é enfermeira, mestranda na Faculdade de Medicina de Marília e mãe de criança especial. Ela se notabilizou, além do trabalho como servidora na Diretoria Regional de Saúde(DRS-IX), pela luta em favor dos pacientes.
Atua em organização não-governamental da cidade e tem, como uma das principais bandeiras, o direto das famílias às terapias adequadas para saúde. Nayara também tem dialogado com lideranças e feito manifestos relacionados a defesa do empoderamento feminino e meio ambiente.
“O PSOL firmou a necessidade de uma candidatura própria, que fosse capaz de elevar o debate político em Marília e depositou em mim a confiança de vocalizar as pautas mais sensíveis da população”, disse ao Marília Notícia.
Nayara lembrou que, como enfermeira, atua na gestão de políticas públicas de saúde e defende o Sistema Único de Saúde (SUS). “O partido enxergou em mim as potencialidades, habilidades e capacidades necessárias para ajudar na reconstrução da cidade e no manejo de crise, nesse momento tão delicado que vivemos”, considera.
A pré-candidata afirma que aceitou o convite como “um grande desafio”. Ela disse ainda “confiar no desejo da população, de que é possível resgatar a esperança e construir um futuro mais digno, justo e humano para todos”.
O PSOL pretende lançar uma chapa “puro sangue”, com o advogado Luís André Lisque como vice. “Pretendemos trabalhar unidos, sem viés partidário ou acordos problemáticos. Vamos formar um governo unido, que seja capaz de ouvir e trabalhar junto, ombro a ombro, com nosso povo humilde, honesto e trabalhador”, garantiu a enfermeira.
Estigmas da esquerda
Nos últimos anos, a política no Brasil foi alvo de uma verdadeira criminalização. Os partidos à esquerda no espectro político, principalmente.
Segundo Nayara, o projeto da esquerda é um projeto de longo prazo. “Acredito que temos que encarar tudo isso com serenidade, paciência, tenacidade, falando sobre as coisas como elas são e sem medo da verdade”, afirma.
Ela diz ainda que é preciso “aprender com as experiências do passado a fazer as críticas e auto-críticas necessárias para não incorrer nos mesmos erros”.
Segundo a enfermeira, a polarização não favorece ninguém. “Na vida não existe receita de bolo e se existisse alguma organização política perfeita, não estaríamos vivendo a conjuntura que vivemos hoje. Venho com um propósito mais inovador. Acredito nas flores vencendo os canhões, no amor ao próximo superando os rancores, mágoas e ódio”, defende.
Para a pré-candidata, o cenário é de “sobrevivência e crise econômica”, onde paz e o trabalho devem prevalecer. “Se não houver união para a superação, como a sociedade civil organizada vem demonstrando, os anos por vir serão dolorosos. Não há mais espaço, tampouco tolerância, para a corrupção”, prega.
Nayara vê como desafio o orçamento limitado. Por isso, é preciso governança para gestão com otimização dos recursos, com sustentabilidade e responsabilidade social.
“Assumimos nossa humanidade e partimos para construção de uma esquerda responsável, consequente, comprometida e coerente com a realidade de nossa cidade, uma Marília do século XXI”, promete.