Sem testes, Marília não consegue medir alcance da Covid-19
A Prefeitura de Marília anunciou há duas semanas a contratação do Laboratório São Francisco, localizado na cidade, para realização de testes moleculares em pacientes suspeitos de terem contraído o novo coronavírus. No entanto, até a manhã desta terça-feira (14), o convênio ainda não havia sido assinado e os exames tampouco estão sendo realizados.
Sem dados confiáveis e com um número muito baixo de resultados, Marília não consegue medir o alcance real da Covid-19 na cidade e mesmo estimar quando é possível relaxar o isolamento social.
Também não é possível adotar políticas públicas eficientes no enfrentamento da doença. Para piorar, além da quantidade ínfima, os resultados não têm saído de forma constante. Desde o último dia 9 de abril, por exemplo, o número de suspeitas descartadas não muda.
Vale lembrar ainda que entre as suspeitas iniciais, alguns casos foram descartados por meio de exames clínicos, ou seja, sem testagem do material biológico dos pacientes.
No último levantamento, divulgado nesta segunda-feira (13) pela Vigilância Epidemiológica, constam 128 notificações sobre a doença na cidade. No entanto, supostamente só estão sendo testados os casos mais graves.
Oficialmente, são seis pacientes confirmados – com um evoluindo para óbito, além de 74 suspeitos e 48 descartados para o novo coronavírus. Entre os casos confirmados e descartados, muitos são resultados de testes particulares.
Compra de testes
No dia 1º de abril, há suas semanas, a administração municipal anunciou que estava finalizando um convênio com o Laboratório São Francisco, para a realização diária de até 15 testes moleculares – os mais confiáveis. O laboratório, no entanto, afirmou que nenhum acordo foi assinado até o momento.
Na ocasião também foi anunciada a compra de mil testes rápidos de outro fornecedor. Até agora não foi publicado no Diário Oficial do município qualquer documento referente aos anúncios.
O Marília Notícia já questionou o prefeito Daniel Alonso (PSDB) em duas coletivas de imprensa sobre os valores pagos nos testes e quando eles começariam a ser feitos. A reportagem não obteve respostas sobre os questionamentos.
Enquanto isso, outras cidades da região já começam a obter seus resultados de testes de forma muito mais célere, o que deve garantir maior eficiência no combate à doença.
A informação era de que os testes rápidos teriam resultados entre 15 e 30 minutos e os exames moleculares teriam resposta em menos de uma semana.
Adolfo Lutz
Até o anúncio da compra dos testes, os exames do Sistema Único de Saúde (SUS) de Marília vinham sendo encaminhados exclusivamente ao Instituto Adolfo Lutz, referência para todo o Estado.
Agora, ninguém sabe ao certo o que está sendo feito e a Prefeitura falta com transparência em relação ao assunto.
Com a enorme quantidade de testes solicitados por diversos municípios, não havia previsão para a entrega dos resultados pelo Adolfo Lutz.
Ao menos as primeiras confirmações da doença na cidade foram todas feitas por meio de laboratório particular.