Saúde em Marília vive caos e população reage indignada
“A saúde pública em Marília está uma vergonha. Sua filha chega desmaiada na porcaria do PA na zona sul e fica jogada na cadeira de rodas, duas horas sem atendimento! Você vai pedir ajuda para os enfermeiros e simplesmente eles riem da sua cara. Final da história: minha filha saiu de lá sem atendimento”.
É esse o desabafo de Candida Furquim de Oliveira, moradora no Jardim Continental, zona sul de Marília, que passou pela situação esta semana. A mariliense é somente um exemplo entre os vários casos revoltantes na saúde pública da cidade.
Além de problemas nos Prontos Atendimentos, usuários também reclamam da falta de médicos e remédios na rede básica. A espera para uma avaliação inicial dura horas e encaminhamento às especialidades necessárias pode se arrastar por meses.
Unidades como Vila Real, Nova Marília, Figueirinha e Costa e Silva são algumas atingidas pela situação precária da saúde em Marília.
“Passei muito mal semana passada e fui para lá (PA Sul). Fiquei esperando duas horas para ser atendida e também tive uma situação de desrespeito de uma funcionária. Me senti um nada”, conta Jéssica Neves, moradora também da zona sul, pelas redes sociais.
Já a situação da administradora Naiara Toloto é pior. Com uma dor crônica nas costas, ela passou primeiro por um clínico geral, que a encaminhou para a ortopedia. Quase um ano depois Naiara foi chamada para a consulta e para surpresa dela foi redirecionada para outro médico. Resultado: mais de um ano e ela ainda não foi chamada, apesar das constantes reclamações na Secretaria de Saúde. Naiara vive tomando remédios fortes para amenizar a dor.
Segundo informações, as pessoas chegam a aguardar na rua por falta de espaço na sala de espera, que nesse calor é uma verdadeira ‘estufa’.
Sobre a situação, a Secretaria Municipal da Saúde respondeu que a questão da permanência do profissional no SUS (Sistema Único de Saúde) é um problema nacional e, em Marília, não é diferente.
No último concurso promovido pela Prefeitura para 30 vagas, apenas dois profissionais assumiram os postos de trabalho. Nas unidades onde não há um profissional fixo, foi programado um sistema de revezamento de cobertura, onde dois dias na semana fica um médico na Unidade para atender as prioridades (gestantes, crianças e idosos).
Além disso, nos dias em que o profissional não está presente, a unidade tem o respaldo dos Prontos Atendimentos que possuem, no mínimo, 3 médicos de plantão por período, durante as 24 horas por dia. O problema é que na prática, segundo a população, isso não passa nem perto do suficiente.
“Se for no PA Sul no período da noite, as pessoas vão sair chocadas. Tinha um adolescente desmaiando, a mãe com uma toalha molhada socorrendo e os atendentes nem aí. Simplesmente dando risada. Um senhor de idade passando mal e também esquecido, um caos total.”, resume a situação Candida Furquim de Oliveira, que no final das contas, teve que levar sua filha para casa.
A garota de 18 anos estava com a pressão muito baixa e foi socorrida por uma vizinha, que é formada em enfermagem.