Samu sofre com ambulâncias sucateadas
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Marília sofre com a falta de ambulâncias e vive uma situação caótica na cidade.
Nesta quarta-feira (30) o serviço atende com duas viaturas de unidade básica e mais uma de UTI móvel. O necessário seria pelo menos quatro unidades básicas mais a UTI móvel, que socorre casos mais graves.
A situação esteve pior na última segunda-feira (28), quando apenas uma unidade básica e a UTI móvel atendiam toda a cidade.
A reportagem do Marília Notícia conversou com funcionários do Samu sob condição de sigilo da fonte. A informação é de que faltam não só ambulâncias, mas outros materiais básicos, que são comprados com o dinheiro dos próprios trabalhadores.
Materiais de trabalho, papel higiênico e produtos como água e café são adquiridos com ‘vaquinhas’ dos funcionários.
Os demais veículos do Samu estão parados por problemas de manutenção e de acordo com as fontes ouvidas pelo MN, o problema é recorrente.
“Pegamos uma frota muito sucateada. Ao mesmo tempo as oficinas que atendem o município são muito morosas. Não podemos trocar de oficina pois foi feita uma licitação. As ambulâncias estão velhas e demoram para voltar a rodar”, explicou ao MN a secretária da Saúde de Marília, Kátia Ferraz Santana.
De acordo com Kátia, “é feito até mais do que o possível” com o dinheiro disponível. A Prefeitura espera até o início do ano que vem conseguir mais quatro ambulâncias para a cidade. A conquista viria através de indicações no orçamento da União de deputados federais ligados a região.
Recentemente o parlamentar Walter Ihoshi (PSD) disse que deve conseguir em breve pelo menos mais dois veículos para Marília. O pedido de ajuda teria partido do vereador Marcos Rezende, do mesmo partido.
A secretária da Saúde disse ainda que até amanhã (31) a situação das ambulâncias rodando na cidade deve se regularizar.
Risco de morte
A demora nos atendimentos tem gerado queixas entre pessoas que precisaram utilizar o serviço nos últimos dias e coloca os pacientes em situação de risco.
Um caso que exemplifica a situação caótica é o episódio vivido pela auxiliar administrativa Lilian Cristina Hortolani, 38 anos, e seu amigo Segisberto Camilo de Souza, 52 anos.
Segisberto sofreu um aneurisma quando estava na casa de Lilian, na zona Sul de Marília, na madrugada da noite do dia 20 de agosto. Ele saiu da UTI do Hospital das Clínicas de Marília nesta quarta-feira (29).
Lilian conta que o dia em que Segisberto passou mal, ela ligou no Samu e ouviu que não haviam ambulâncias disponíveis, nem previsão para que fosse feito o atendimento.
“Ele estava com uma dor de cabeça crônica, vômito incessante e desequilíbrio. Quando eu já estava com o Beto no hospital, falei de novo com o Samu e só então disseram que levaria 40 minutos para buscarem ele. E se eu não soubesse dirigir ou não tivesse carro? Ele poderia ter morrido”, questiona a auxiliar administrativa.
Situação desigual
O Samu funciona por meio de um convênio da administração municipal com a União, que faz repasses para custeio do serviço. Os valores desses repasses têm caído, conforme apurou a reportagem.
Dados do Portal da Transparência do Governo Federal mostram que entre janeiro e julho deste ano o Governo Federal repassou R$ 980 mil ao Fundo Municipal de Saúde de Marília destinados ao Samu.
Em todo o ano passado foram R$ 1.557.600,00 transferidos da mesma origem para custeio do serviço. Em 2015, o valor foi maior do que no ano passado: R$ 1.596.750,00. Enquanto tudo ficou mais caro, diminuíram os repasses.
Além do dinheiro que vem do Governo Federal, o município, se tiver condições financeiras, pode ajudar o custeio do Samu. “Os bombeiros, por exemplo, ganham tudo da Prefeitura. Ganham muro, empresa que faz comida, cafézinho, um monte de viatura nova. Nós do Samu não recebemos nada disso e a marmita que vem ainda é de péssima qualidade. Um caco de vidro foi encontrado na comida dias atrás”, reclama um trabalhador do Samu.
Outro lado
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura para comentar a situação dos repasses e informar quais providências estão sendo tomadas, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.