Rezende aposta no diálogo para resolver imbróglio na CPI
Pedido de renúncia do vereador Elio Ajeka (PP), que liderou os esforços para abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, encontra certa resistência do presidente da Câmara, Marcos Rezende (PSD). Fim do impasse era esperado para a noite desta segunda-feira (21), mas não aconteceu.
“Existe uma questão que é múnus público (obrigação). Todos nos aqui fomos eleitos e temos deveres. E a indicação para compor uma comissão parlamentar de inquérito é um múnus público que o vereador recebe e, portanto, ele não pode abrir mão”, observa Rezende.
Oficialmente, a investigação – praticamente esvaziada após um único depoimento e polêmicas que constrangeram o próprio presidente Elio Ajeka – prossegue no Legislativo. O prazo legal é de 180 dias para a conclusão dos trabalhos, que começaram – formalmente – no dia 3 de maio.
Com a “batata quente” na mão, Rezende afirma que o regimento da Casa não prevê esse tipo de situação (um membro de CPI ser obrigado a permanecer), mas que não deseja tomar nenhuma decisão que gere “repercussão geral”, ou seja, ação sem precedente extra-regulamentar.
“Temos a condição de dialogar. Temos dialogado com os vereadores da Comissão para que possamos encontrar uma alternativa que fique bom para todos. Que possamos colocar em primeiro lugar a nossa cidade”, afirma.
Ao Marília Notícia, Rezende diz que até esta quinta-feira (24) uma decisão deve ser tomada. Nos bastidores, a informação é que Rezende espera que Ajeka reconsidere o pedido de renúncia e siga à frente da CPI.
Governistas dizem que a Comissão tende a dar um “atestado de idoneidade” à gestão da pandemia. Por isso, o engavetamento por esgotamento do prazo é considerado desgastante para a Câmara. Por outro lado, a indicação de um novo presidente ainda dependeria de nova costura política.
RENÚNCIA
O documento assinado por Ajeka foi registrado no Legislativo na última sexta-feira (18). O vereador alega “motivos pessoais” para o pedido e solicita também a “não responsabilização” dele em relação aos próximos atos praticados pela CPI.
Parlamentar sofreu desgastes após polêmica no final da oitiva do prefeito Daniel Alonso (PSDB) – a única realizada até agora -, no dia 21 de maio.
Queixa do assessor especial do governo, Alysson Alex, aponta suposta oferta indevida de máscaras, que teria sido feita pelo ex-chefe de gabinete de Ajeka ao secretário municipal da Saúde, Cassio Luiz Pinto Júnior. A exoneração de Davi Yoshida, que nega a acusação, veio dias depois.
A CPI também enfrentou outros desafios internos até aqui, como a falta de consenso para contratação de empresas para auditoria em dados oficiais da Prefeitura.
OUTRO LADO
A reportagem questionou Ajeka sobre os motivos que o levaram a pedir a renúncia ao comando da CPI, mas não obteve tal esclarecimento. “Motivos realmente pessoais”, respondeu.
O vereador também disse que seu pedido de renúncia não tem relação com a polêmica envolvendo seu ex-assessor. “Não foi esse motivo não! Isso já foi sanado!”, garantiu.
Ajeka ainda negou que tenha ficado algum mal-estar com o Executivo e refuta a existência de desavenças com Alysson.