Retomada do setor de autoescolas e CFCs é lento e tem lacunas
De forma gradual, as atividades já começam a ser retomadas na maioria das 20 autoescolas e dos quatro centros de formação de condutores (CFCs) de Marília. O primeiro exame prático de direção deve acontecer na próxima quinta-feira (6).
Apesar disso, a normalidade ainda está bem distante. Com o Poupatempo fechado e o grande número de etapas para habilitação, sobram dúvidas para alunos que já tinham iniciado ou pretendiam iniciar o processo.
Quem já estava matriculado antes da pandemia – iniciado aulas práticas ou pronto para começar – pode fazer o treinamento com o carro. A Empresa de Mobilidade Urbana de Marília (Emdurb) comunicou a reabertura do Complexo de Trânsito.
Mas donos de autoescolas ouvidos pelo Marília Notícia lembram que esse é apenas o primeiro passo. Novas matrículas, que poderiam trazer alívio financeiro para as empresas, ainda dependem da liberação de exames médicos e psicotécnicos.
O proprietário de autoescola Valdercy Rezende de Sá, que trabalha há 45 anos no ramo e já viu quase de tudo, afirma que o setor foi castigado pela pandemia. Ele acredita que o Poupatempo já deveria estar em atendimento parcial.
As autoescolas, segundo ele, podem até receber novos alunos e fazer um cadastro interno, mas o início efetivo do processo depende do Departamento de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).
“Esse candidato, antes de pegar o carro, precisa passar pelo exame médico, pelo psicotécnico e pelo CFC. Pelo que estamos sabendo, nada está funcionando para novas habilitações”, relata.
Valdecyr, que teve que usar o dispositivo da suspensão temporária de contrato por dois meses, agora terá prazo mínimo para manter os trabalhadores – independente de faturamento. A torcida é para que os alunos apareçam.
“Precisamos ver como vai ser essa volta. Que as pessoas possam investir na habilitação, que os sistemas funcionem. Acho que já dava para ter voltado, com o distanciamento, as normas de higiene. Precisamos muito que tudo dê certo para superar essa crise que está sendo terrível”, afirmou.
José Cláudio Calógero, dono de autoescola, está esperançoso. Ele conta que algumas agendas de exame prático já foram abertas para agosto, mas haverá restrição no número de alunos.
Antes o número médio de alunos por autoescola chegava a 15. Agora, acredita que ficará abaixo da metade. “Dependemos também da volta dos CFCs. Tem que funcionar todas as etapas, mesmo se for com restrições, senão o aluno não avança”, afirmou
Diretora de um centro de formação teórico na cidade, Mara Lamarca acredita que o investimento na habilitação está ficando cada vez mais tardio e depende, na maioria das vezes, de uma necessidade profissional ou do candidato ter veículo.
“Antigamente era um presente para quem fazia 18 anos. Teve essa época, porque era mais barato. Nos últimos anos encareceu muito, então as pessoas vão adiando. Nossa torcida é que as pessoas façam esse investimento até para ampliar as possibilidades de trabalho, tendo uma habilitação”, disse.
O instrutor teórico técnico Jonas Júnior Rodrigues explica que os centros de formação já estão em conversa com o órgão de trânsito para oferecer aulas remotas. “O aluno vai fazer as aulas da casa dele, com uma senha que vai receber do instrutor. Para segurança, será feito o reconhecimento biométrico facial”, disse.
Enquanto a retomada não é feita em todas as etapas, sobra o receio. “Não conseguimos inserir novos alunos no sistema. Os exames só pra renovação. A expectativa é que haja uma resposta do Detran rapidamente. Sem isso fica difícil falar em retomada”, acredita Valdecyr.
O Detran-SP, por meio da assessoria de imprensa, informou ao MN que “a retomada é apenas para cerca de 50 mil alunos que já haviam iniciado o processo de habilitação”. O órgão disse ainda que estão sendo “estruturados sistemas para liberação de novos alunos”.
Ainda segundo o departamento, estão em “fase final sistemas que serão anunciado na próxima semana, para liberação das provas teóricas e também o primeiro cadastro, que contempla novos alunos”.