Representação por suposta falta de decoro quer cassação de vereador
O vereador Mário Coraíni (PTB) foi alvo de uma representação que pede a cassação de seu mandato por suposta quebra de decoro parlamentar em episódios recentes envolvendo o parlamentar.
A representação foi feita pelo engenheiro Roberto Monteiro, ex-presidente da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional de Marília (Emdurb) nesta segunda-feira (17) e é endereçada ao presidente da Câmara, vereador Wilson Damasceno (PSDB).
Em entrevista ao Marília Notícia, Coraíni desqualificou Roberto Monteiro, dizendo que ele é foi considerado responsável por irregularidades verificadas na Comissão de Inquérito Parlamentar sobre o Parque do Povo, anos atrás, quando era secretário municipal.
O autor da representação elenca situações polêmicas envolvendo Coraíni e diz que ele vem “agindo de forma cada vez mais agressiva”, o que tem desmoralizado o Legislativo municipal.
Coraíni afirma que nos casos que constam na denúncia utilizou seu direito de legítima defesa contra ofensas e que estava indignado nas ocasiões em questão.
“O representado tem orgulho de falar repetitivamente do seu ‘curriculum’, dentre outras coisas, de três bacharelados, mestrados, etc. No entanto não possui o mínimo respeito aos cidadãos marilienses”, acusa Roberto Monteiro.
De acordo com o autor da representação, o vereador “discute, humilha, esperneia, estrebucha, xinga tal como um arruaceiro, ao atacar as pessoas não só na rua, mas também no recinto da Câmara”.
Entre os episódios citados está um vídeo recente onde o vereador aparece discutindo com um morador de rua na saída de agência bancária. Coraíni utilizou palavras de baixo calão contra o homem que pedia esmolas.
Em vídeo que viralizou nas redes sociais o parlamentar aparece retrucando a insultos. “Vai chamar sua mãe que criou um vagabundo que nem você” e “vai pasta, você tem que comer grama mesmo, vagabundo”, estão entre as frases proferidas por Coraíni citadas na representação.
Na mesma discussão o vereador ainda disse outras frases polêmicas e xingou o pedinte. “Quem vota em mim não é vagabundo, é uma elite” e “não dependo de eleição, não dependo de política, seu vagabundo”.
Em outro episódio, durante uma sessão camarária do dia 10 de setembro, o mesmo parlamentar fez declarações semelhantes contra pessoas que estavam na Câmara assistindo aos trabalhos legislativos.
“Não estou à procura do voto, não quero voto de ninguém, enfiem o voto no rabo”, também estão entre as declarações feitas por Coraíni que constam na representação. Naquela ocasião, os presentes que se manifestavam foram chamados de “plateia de circo”.
A lei orgânica do município, que trata do decoro, é citada pelo representante para embasar o pedido de cassação do mandato.
Um decreto lei que sobre o processo de cassação de vereadores, citado no documento apresentado por Roberto Monteiro, diz que a denúncia pode ser feita por qualquer eleitor.
A representação deve ser analisada pelo Jurídico da Câmara para então ser lida e colocada em votação pelo plenário.
Outro lado
“O Roberto Monteiro todo mundo conhece. Do governo Camarinha, deram um rombo tremendo na drenagem do Parque do Povo. Não se sabe onde foi colocado 3 mil metros de drenagem. Essa CPI levou a uma denúncia no MP”, disse Coraíni sobre o representante.
O vereador explicou as circunstâncias dos dois episódios citados por Roberto Monteiro no documento apresentado à Câmara.
Na confusão com o pedinte em frente a uma agência bancária no Centro, o parlamentar explicou estava realmente sem dinheiro e não havia conseguido sacar, pois a fila estava longa e não existiam filas preferenciais.
“Eu já estava indignado com a falta de filas para idosos quando esse cidadão, que sempre fez campanha para os camarinhas, foi me pedir um trocado. Eu disse que não tinha e ele me chamou de mentiroso, disse que vereador ganha um dinheirão e não faz nada”, relatou Coraíni.
O vereador disse que foi pego desprevenido com “tamanho insulto” e reagiu. “Eu não sou de levar desaforo para casa. No direito se chama retorsão a uma ameaça injusta. Mas no vídeo que circulou por aí não mostraram o momento em que fui ofendido”, reclama.
No caso da Câmara, Coraíni explicou que uma “meia dúzia” de manifestantes começou a vaiá-lo e gritarem xingamentos, mesmo tendo defendido “desde o começo que os marilienses ilhados não pagassem pelo pedágio”.
A polêmica envolveu a reabertura da estrada rural MAR-114, que servirá como desvio para a praça de pedágio.
O vereador, que foi professor de Direito durante décadas, queria explicar que existem os mecanismo jurídicos adequados para resolver o problema, mas seus argumentos não foram bem recebidos e o caso acabou com bate-boca. “Mas no fim da sessão fui aplaudido, quem viu até o final sabe”.