Replan vence licitação e irá retomar obra do esgoto em Marília
A Replan Saneamento e Obras LTDA venceu a licitação que retoma a obra do esgoto em Marília.
O termo de homologação e adjudicação da concorrência pública foi publicado na edição do último sábado (21) do Diário Oficial do Município e aponta a empresa como classificada pela Comissão Permanente de Licitação.
A abertura dos envelopes com propostas aconteceu na manhã de sexta-feira (20). A administração tem 10 dias para assinar o contrato.
O prazo para execução das obras é de 360 dias a partir da ordem de serviço. Depois passa a vigorar o período de pré-operação do afastamento e tratamento de esgoto, de 180 dias. O tempo total do contrato é de 540 dias.
O valor global da obra era de R$ 30.816.751 sendo R$ 25,3 milhões oriundos de banco de fomento e R$ 4,8 milhões de contrapartida da Prefeitura.
A Prefeitura não quis divulgar o valor da proposta vencedora. “Será revelado somente no final do processo”, alegou em resposta ao questionamento da reportagem.
Além da Replan, mais uma empresa foi habilitada e disputou o certame, a Target Serviços Elétricos Especializados LTDA, de Santa Barbara do Oeste, e foi vencida.
Outras empresas também demonstraram interesse na licitação, mas não chegaram a disputar o pleito oficialmente.
A Replan já havia participação de uma licitação anterior para a retomada da “Obra do Século”, mas houve a suspensão por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) após representação do deputado estadual Abelardo Camarinha (PSB).
A empresa vencedora é uma antiga prestadora de serviços do Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília) e da Prefeitura de Marília. Possui atualmente diversos contratos em vigor.
Histórico
Em abril a Prefeitura havia anulado uma outra concorrência pública para retomada das obras após apontamentos de supostas irregularidades feitos pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O ministro Aroldo Cedraz entendeu que existiam problemas com a “licitação técnica e preço em desacordo com as condições legais; exigência cumulativa irregular de capital social mínimo e garantia das empresas; e ausência de critérios objetivos para análise das propostas técnicas”.
O edital que foi anulado contou com uma única empresa interessada em assumir o serviço, justamente a Replan, que pediu R$ 29,8 milhões para retomar e concluir a construção das ETEs (Estação de Tratamento de Esgoto) Pombo e Barbosa, em Marília.
As ETEs Pombo e Barbosa que farão o tratamento de 60% do esgoto de Marília. Os outros 40% do esgoto produzido na cidade serão futuramente tratados pela Estação Palmital, projeto em que a administração municipal se mobiliza para conseguir recursos e abrir nova licitação para tirar do papel.
Atualmente praticamente 100% do esgoto produzido em Marília é despejado ‘in natura’ nos mananciais. Segundo o Instituto Trata Brasil, o município é o único da bacia Aguapeí Rio do Peixe que não trata nada do seu esgoto.
O canteiro de obras está parado desde 2015. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) de São Paulo investiga supostas irregularidades na rescisão amigável do contrato entre Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília) e OAS para as obras do esgoto de Marília durante o governo do ex-prefeito Vinícius Camarinha (PSB).
Na época, a alegação da Prefeitura era de que a OAS estava envolvida na operação Lava Jato e representava um risco aos recursos públicos, pois poderia acabar abandonando as obras.
As investigações foram iniciadas com representação feita pela Marília Transparente a respeito de um reconhecimento de dívida entre a autarquia e a construtora superior a R$ 2,4 milhões.
A entidade mostrou ao TCE indícios na rescisão de “grave ofensa aos princípios da legalidade, moralidade, eficiência e economicidade e também ao dever de lealdade à autarquia municipal”.
O ex-prefeito Vinícius disse ao Marília Notícia que “todos os trâmites obedeceram a legislação. Na rescisão amigável foi reconhecida a parte devida de contrapartida cabível ao Município”.
O recurso que aguarda na Caixa Econômica Federal para ser aplicado na retomada da obra quase foi perdido por conta da demora na finalização do projeto, mas a atual gestão teria conseguido “segurar” o dinheiro.
As obras de afastamento e tratamento as ETEs Pombo e Barbosa, no entanto, já deveriam estar prontas muito tempo antes. Elas deveria ter começado em 1990. No ano de 1992, um acórdão do Tribunal de Justiça obrigou a Prefeitura de Marília a iniciar os trabalhos, mas nada foi feito.
Multas foram aplicadas e o projeto se arrastou até 2005, quando foi novamente retomado até 2008. Na ocasião a Prefeitura, sob comando de Mario Bulgareli, atrasou o pagamento do empréstimo de R$ 25 milhões do BNDES e a obra foi mais uma vez paralisada. No governo de Abelardo Camarinha também houve continuidade das obras em alguns períodos.