‘Renovação’, ‘cuidado’, ‘luta’ e ‘Deus’: o que diz cada campanha em Marília
Definidas após as convenções municipais, as candidaturas e coligações concorrentes à Prefeitura de Marília nas eleições de outubro foram ‘batizadas’ com frases e slogans que indicam o propósito político de cada uma.
A escolha por uma denominação própria está prevista na Lei 9.504 de 30 de setembro de 1997, que estabelece as normas para as eleições.
Além de cumprirem uma função de marketing eleitoral, os nomes das coligações ajudam o eleitor a entender em quem votar para a chefia do Executivo de Marília de 2025 a 2028.
LEMA BOLSONARISTA
A coligação PL-PRD-DC-Mobiliza, indicada pelo governo municipal, foi denominada ‘Marília é Deus, Pátria, Família, Amor e Liberdade’. A frase combina o lema ‘Deus, Pátria, Família e Liberdade’, popularizado por Bolsonaro e grupos radicais de direita, ao slogan da cidade: ‘Marília: Símbolo de Amor e Liberdade’.
Essa combinação reflete o viés conservador dos partidos que apoiam os candidatos a prefeito Ricardo Mustafá (PL) e Juliano da Campestre (PRD), com exceção do PSB, que não está oficialmente na coligação, mas declarou seu apoio, em busca flertar com a maioria de direita do eleitorado mariliense.
O PL de Marília, seguindo a orientação do comando nacional do partido, evitou formalizar alianças com partidos de esquerda ou centro-esquerda, como é o caso do PSB, mas irá trabalhar junto com a sigla nesta eleição.
Mustafá, embora não seja um bolsonarista ‘raiz’, busca conquistar os eleitores do ex-presidente utilizando esse lema e estratégia, ao mesmo tempo em que mantém as portas abertas para apoio de diferentes espectros políticos.
RENOVAÇÃO
Também à direita, outras duas coligações se apresentam como novidades ao eleitorado: ‘Renova Marília’ (PRTB-PDT) e ‘Juntos pelo Renascimento de Marília’ (Novo-Republicanos-União Brasil).
Ambas coligações apostam na candidatura de empresários como ‘solução’ para os problemas da administração pública: João Pinheiro (PRTB), do agronegócio, e Jean Patrick Baleche Garcia, o Garcia da Hadassa (Novo), do setor de turismo.
Vale ressaltar que João Pinheiro foi recentemente condenado por estelionato, fato que pode impactar negativamente sua campanha.
Garcia da Hadassa não enfrenta grandes problemas que o desabonem e cresceu na última pesquisa de intenção de voto divulgada. Atualmente se credencia como o grande adversário de Vinicius Camarinha (PSDB).
No entanto, sua mudança de discurso durante a campanha, ao se aliar com Eduardo Nascimento (Republicanos), um veterano da política mariliense, gerou questionamentos. Antes da aliança, seu slogan era “chega dos mesmos”, um apelo à renovação que perdeu força com a nova parceria.
MARÍLIA QUE CUIDA
A maior coligação partidária na disputa pela Prefeitura de Marília, ‘Marília que Cuida’ (Federação PSDB/Cidadania, PP, MDB, Podemos, Avante, Solidariedade e PSD), propõe um novo governo com Vinicius Camarinha (PSDB) como candidato.
Ex-prefeito da cidade entre 2013 e 2016, o deputado estadual promete um eventual novo governo diferente do anterior, com foco especial nas áreas em que se propõe a “cuidar melhor” da população.
O nome da coligação, ‘Marília que Cuida’, é uma indireta ao sentimento generalizado na cidade de que Marília estava abandonada, e também uma crítica indireta ao governo de Daniel Alonso (PL).
A quantidade de partidos coligados e de candidatos à Câmara Municipal – 126, segundo a assessoria de imprensa da campanha – revela o cuidado político do candidato em formar uma bancada majoritariamente governista.
TODAS AS LUTAS
Única coligação de esquerda na disputa pela Prefeitura de Marília, ‘Marília de Todas as Lutas’ (Psol-Federação PT-PV-PCdoB) reflete o tradicional posicionamento de defesa dos direitos e das minorias.
A escolha de uma mulher, Nayara Mazini (Psol), mãe atípica, e de Henrique Neves (PT), um homem negro, como vice, foca no público-alvo desejado pela campanha, além das comunidades LGBTQIAPN+ que a bandeira do Psol representa.
Ainda mais à esquerda, a outra candidata à Prefeitura de Marília, a professora Lilian Miranda (PCO), não definiu um nome para sua candidatura, que é a única de um partido só. Aqui, o propósito é ideológico, voltado para a propagação do socialismo e da luta de classes.